sexta-feira, 2 de maio de 2014

Buenos Aires - Argentina - 2010

Santos, 28 de outubro 2010.

Caro Amigo,

Num certo domingo tedioso, como boa parte dos domingos o são, bateu uma imensa vontade de comer um “Bife de Chorizo”, enorme, grosso e suculento, então pensamos: - Qual o melhor lugar para fazê-lo? Sem qualquer sombra de dúvidas, o Caro Amigo bem o sabe, só há uma resposta... Acertou!
E, em nossa constante ânsia pela VERDADE e JUSTIÇA, aproveitaremos a oportunidade para fazer uma meticulosa investigação, “in locu”, para descobrir se Buenos Aires é, realmente, a maior capital brasileira fora do Brasil e se as liquidações estão mesmo de enlouquecer, a fim de que não reste comprometido o futuro de toda a humanidade. Portanto, e também com o legítimo intuito de cumprirmos nossa honrosa, longa e árdua META dos 100.000.000.000.000.000 Km viajando (ah, ah, ah!) resolvemos colocar, novamente, nossos pés na estrada.

Envie-nos dicas para tornar nossa viagem mais interessante. Talvez alguma casa de tangos, que já visitou e achou incrível; um restaurante, que viu em alguma revista de turismo; um lugar que você gostaria de conhecer, mas ainda não teve oportunidade; ou mesmo o endereço de sua tia argentina, que faz uma parrilla de lamber os dedos. Teremos imenso prazer em visitá-los e contar tudo, nos mais mínimos, imorais, pornográficos e prazerosos detalhes.
Compre seu bilhete, faça as malas (não esqueça o casaco, pois lá está frio, e um sapato para dançar tango), pegue seu passaporte, avise os familiares, desligue o gás, regue plantas, deixe o gato com o vizinho e as crianças com a vovó, prepare a pipoca, compre um bom vinho argentino, escolha uma poltrona confortável, ligue o computador e  VEM COM A GENTE! 

Hasta La vista!

Sayo e Claudio

 

Buenos Aires, 30 de outubro de 2010.

Caro Amigo,

Há coisas que, graças ao bom Deus, não mudam nunca! Uma delas é o maravilhoso cafezinho servido nas cafeterias em Buenos Aires. Resolvemos dar um pequeno descanso ao pobre corpo, cansado, frio e gelado; nos sentamos em uma mesinha ao lado da fonte, sob o espetacular teto abobadado da Galeria Pacífico, que fica na Rua Florida, a mais famosa rua de compras da cidade.
Um pequeno copo de água com gás gelada, para tirar os gostos da boca, que poderia interferir no gosto do café; uma xícara com o café fumegante, recoberto por uma densa espuma bege; um pequeno pratinho com alguma delicadeza para quebrar o jejum do caminhante, distrair a boca, o nosso continha delicadas queijadinhas em forma de suspiro.
 Caro Amigo deve estar se perguntando o motivo de nos termos metido, num dia tão chuvoso e frio, 15 graus, a fazer compras? É bastante simples (Sayo)! Principalmente para uma prática cabeça de mulher, então vejamos: - iríamos a Buenos Aires onde, provavelmente, estariam ocorrendo as liquidações de inverno e ainda fazia frio, como em São Paulo; - eu necessitava, com a mais máxima urgência, de um sobretudo preto com capuz, para os árduos dias de trabalho na rua; e então, muito logicamente pensei, para que carregar um pesado casaco se posso chegar a Buenos Aires e comprar exatamente o do meu sonhos? Bastava encontrá-lo (exatamente na cor, modelo e tamanho que eu queria), somente não contava com tanto frio e chuva!

Santos amanheceu radiante, sol maravilhoso num lindo céu azul, o mar, da varanda, brilhava, um pequeno barquinho de pescador ao longe, um enorme navio na linha do horizonte, o feriado prometia, mas lógico que não nos arrependemos de ter  marcado a viagem, embora a previsão meteorológica não fosse muito animadora, frio e um pouco de chuva para o final de semana em Buenos Aires. Tomamos um café da manhã reforçado, afinal nosso vôo Gol partiria, de Guarulhos, então nada de almoço, por sorte um sanduíche com guaraná, mas o preço compensa.

A estrada já dava mostras do longo feriado que viria, já se observava uma maior movimentação de veículos. Deixamos nosso carro em um dos inúmeros estacionamentos que agora existem em volta do aeroporto, que têm ótimos preços, levam ao terminal de embarque e o trazem de volta ao carro, com um simples telefonema, ao final da viagem. Dependendo do número de dias de sua viagem, vale a pena.

O vôo foi tranqüilo, o avião estava lotado, nem meia poltrona vazia. Sanduíche e suco de laranja para o almoço, pelo menos o suco é, aparentemente, mais saudável.
Encontramos a cidade em baixo d´água, contratamos um “remis” para nos levar ao hotel, é um sistema muito usado na Argentina, funciona como um táxi, porém sem taxímetro, o preço é ajustado antes da corrida.

Quanto ao hotel, já temos o nosso de costume, é simples, duas estrelas, antigo, tem bons preços e está muito bem localizado na Avenida de Mayo, uma das principais artérias da cidade, liga a Casa Rosada ao Congresso. Temos a esperança de que, algum dia, ele estará bem melhor, pois há mais de três anos começou uma reforma, que parece que vai indo de rosca, como toda reforma, mas um dia, esperamos, acabará.
Nos chamaram os amigos, Leandro e Maria, convidando para um churrasco em sua casa, no Tigre, no dia seguinte.  Seria sensacional, porém o convite estava condicionado, lógico, à melhora do tempo, que seguia horrível.

Decidimos jantar em um restaurante chamado “Museo del Jamón”, uma filial da famosa rede espanhola, cuja especialidade é presunto serrano, pata negra,, uma verdadeira delicia, que ainda serve de adorno para o restaurante, que as pendura nas paredes. É um restaurante elegante, com um variado cardápio, servem uma taça de champanhe e um pedaço de “tortilla de patatas” como cortesia. Deixamos o “Bife de Chorizo” para o dia seguinte e desfrutamos de um delicioso Arroz Negro, feito com lula, cogumelos e muita tinta negra, retirada de uma bolsinha que existe na cabeça da lula.

Quanto ao tal sobretudo... contamos depois, já é hora do café e o dia será longo.

Beijos,

Sayo e Claudio  

 

Buenos Aires, 01 de novembro de 2010.

Caro Amigo,

Como dizíamos, caminhamos pela Rua Florida, debaixo do maior dilúvio, batendo os dentes, entrando em tudo que era galeria, pois eu (Sayo) lembrava, muito vagamente, que havia comprado meu sobretudo bege em uma delas, há mil anos atrás. Encontramos vários e diversos modelitos, das mais variadas cores, inclusive de bolinha amarelinha, da cor do biquíni da Ana Maria, mas nada do pretinho básico que povoava meus sonhos e que me servisse. Tristonhos e molhados, paramos para recobrar forças com um cafezinho, na Galeria Pacífico. Eu já pensava em voltar para o hotel, porém o Claudio (que é adepto à teoria de que é melhor sair à chuva, vento, frio, terremoto, alagamento, tisumane ou maremoto, que ficar em casa) dava-me palavras de ânimo para que prosseguíssemos. Reconheci a última galeria, na primeira loja de casacos, nada; já na segunda, tive meu sonho realizado e sai desfilando, pela chuva, meu casaco novo.

 
O sábado amanheceu radiante, embora frio, confirmado o passeio ao Tigre. Compramos umas garrafas de vinho, arrumamos nossa sacola de praia, Claudio, muito destemido, colocou até shorts de banho, essa eu quero ver (ah, ah, ah), pois a coisa aqui está mais para levar um cobertorzinho, como na Europa, mas sonhar é um direito de todos.

Na cidade do Tigre encontra-se o delta do Rio da Prata, a Veneza Argentina, são dezenas de canais onde se encontram casas de veraneio, clubes, restaurantes, hotéis e se praticam esportes náuticos. Um de nossos passeios prediletos.

Fomos até a casa dos amigos, em Palermo Hollywood, onde conhecemos Ramona e Franco, seu filhos, e seguimos. Foi uma ótima experiência conhecer uma casa no delta, estivemos muitas vezes no Tigre, porém sempre em restaurantes, tínhamos muita curiosidade em conhecer o cotidiano de uma casa nas pequenas ilhas.
Era uma casa confortável, de frente para o rio, suspensa do solo, como palafitas, pois por vezes o terreno é coberto por água, com muitas flores e um pomar de laranjas, limão siciliano e ameixas, parreiras cobrindo a varanda, na qual fica a churrasqueira.
 A potabilidade da água é realizada, por meio de equipamentos, na própria casa; o lixo deve ser acondicionado e levado ao continente; o supermercado, o verdureiro, o carteiro, até o posto de gasolina passam de barco na porta de casa. Caminhamos conhecendo as casas, pusemos a conversa em dia, conhecemos amigos dos amigos, comemos, bebemos, porém o tal banho... ficou para outra oportunidade.
Domingo tem endereço certo, Feira de San Telmo, resolvemos ir caminhando, aproveitando o sol, apesar do frio, e também a beleza da Avenida de Maio, com suas árvores centenárias e edifícios imponentes, com varandas de ferro e estátuas; assim também aproveitaríamos para dar uma olhadinha na Casa Rosada, sede do Governo Federal.
 Tivemos uma ótima surpresa, a Casa Rosada, hoje quase marrom, estava aberta à visitação, há anos visitamos a cidade e nunca tivemos a oportunidade de conhecê-la por dentro. Passamos pelo Salão dos Bustos, Salão das Mulheres, Salão dos Cientistas, Salão Branco, Escritório Presidencial e Pátio das Palmeiras. O edifício é do fim do século XIX, tem uma arquitetura eclética, como boa parte dos edifícios da época, tem maravilhosos lustres e candelabros em ferro e vidro, estilo Art Noveau; paredes têm um tom bege, quase manteiga, com estuques dourados; muito mármore do Carrara, tapetes e estofados. Linda!
 

Já a Feira de San Telmo, tradicionalmente uma feira de antiguidade, localizada no coração do bairro de mesmo nome, na Praça Dorrego, hoje deixou de ser só de antiguidade, pelo menos fora da praça, e estende-se por quilômetros, desde o inicio da Rua Defensa e por várias pequenas travessas. Encontra-se de tudo estatuas humanas, marionetes, dançarinos de tango, supostos dançadores de tango, artigos em couro, artesanato em madeira, echarpes e cachecóis, bijuterias, empanadas, pipoca, pirulito, suco de laranja e, inclusive, as antiguidades, que dão fama ao bairro. Muitas lojas e mercados também ficam abertos, sem falar nos inúmeros restaurantes. Divertimento garantido.
Caminhamos um pouco mais, tomamos um ônibus e fomos parar na Boca, tradicional bairro italiano, um dos mais famosos da cidade, pois nele se localiza o estádio La Bombonera e o Caminito, rua das coloridas casas de lata.
 A região também se desenvolveu muito movida pelo turismo, espalharam-se as coloridas casas, as lojas de lembrancinhas, as galerias de arte, os pintores de rua, as estátuas de celebridades, feitas em papel machê, acenam das varadas e o vai-e-vem de turistas, com suas línguas estranhas, e roupas ainda mais estranhas.  Paramos para tomar uma sidra, típica na região, recordar os velhos tempos e observar tudo e todos.  
 
No caminho de volta ao hotel, encontramos uma procissão, os peruanos homenageavam o dia de seu patrono, Nuestro Senhor de Los Milagros, conforme nos contaram. Um enorme andor de prata vinha carregado por inúmeros homens vestidos com túnicas roxas. A pintura do Senhor Crucificado vinha rodeada de velas e flores. As rezadeiras, senhoras usando túnicas roxas e véu branco, caminhavam de costas, para estar sempre de frente para o Senhor Morto. As longas cordas, que cercavam o cortejo, eram carregadas por senhores com suas túnicas também roxas. À cada pouco, a procissão parava, para descanso dos homens e distribuição das flores, que revestiam dois grandes bastões, que adornavam o andor, e eram então substituídos por novos bastões. Muitos dos fieis vestiam roxo, principalmente crianças, provavelmente promessa.
O que mais nos chamou a atenção na procissão é que, paralela a ela, seguia uma procissão de vendedores de comida. Eram carrinhos de supermercado improvisados, uns traziam churrasqueiras, onde espetinhos, rodelas largas de batata, coxas de frango e tomates eram assados; outros, grandes panelas, cheias de bucho (dobradinha para os mais chiques) e um negócio que não sabemos o que é, tem o formato de uma fina rosca, mole, submersa em uma cauda transparente amarronzada, não nos atrevemos a provar. Havia chup-chup (sorvete caseiro feito em saco plástico), refrigerante, brinquedo, doce típico, de um tudo. Seguimos as duas procissões até o nosso hotel e elas seguiram pela Avenida de Maio.
Finalmente jantamos o tão desejado Bife de Chorizo, em um pequeno restaurante, em San Telmo, que conhecemos, através de Leandro, em nossa última estada em Buenos Aires, coisa de local, chupamos os dedos e, como se fosse pouco, ainda arrematamos com um Flan com Crema, outra coisa também muito argentina. Dormimos como anjos.

Hoje o dia promete, seguiremos as dicas que alguns Caros Amigos nos enviaram, iniciaremos... o sol está lindo, o dia será longo, hora do café, contamos depois,

Beijos,

Sayo e Claudio         

 

Buenos Aires, 02 de novembro de 2010.

Caro Amigo,

Uma Cara Amiga enviou-nos a preciosa informação de que a cidade tem um sem número de “outlets”, de endoidecer qualquer mulher, até a mais avessa a compras de qualquer gênero, principalmente a de futilidades, coisas de moda como echarpes, rendas, flores, babados, limitando-se, tão-somente, ao útil e estritamente necessário, como penso ser o meu caso (ah, ah, ah!). Assim mesmo, resolvemos conferir.
Na Av. Cordoba, entre os números 3500 e 4000, há uma grande concentração deles, como pode imaginar a Cara Amiga, não precisei fazer nenhum esforço para encontrar umas coisinha para comprar (ah, ah, ah!). Até o Claudio, não-comprador convicto, conseguir comprar alguma coisa. Só não conseguimos descobrir quem deu a informação para metade da população brasileira que se encontrava no local Eram centenas de homens desanimados, pensando na fatura de seus cartões de crédito, carregando as sacolas das esposas, que compravam enfurecidamente, e das filhas adolescentes, que estavam à beira de um ataque de nervos de imaginar a inveja que fariam as amigas com os novos modelitos, vindos diretamente do exterior.
Aproveitando o maravilhoso dia de calor, deixamos as sacolas no hotel e seguimos para mais compras. Há alguns anos descobrimos que, muito pertinho do hotel que costumamos ficar, na Rua Liberd, entre os números 100 e 400, encontra-se a gruta do Ali Babá, é o reduto do ouro, prata, chapeado, inox e dos relógios. Não dá para ir a Buenos Aires e não dar uma voltinha por lá, ver as novidades, as tendências da moda, quem sabe convencer o marido de que o dia das mães está quase aí e convém já comprar o presente. Os argentinos comemoram o dia das mães no 17 de outubro, então foi mais fácil ganhar um presentinho que, como acontece com todas as mulheres, não chegou aos pés de meu merecimento (ah, ah, ah!).

No bairro onde ficamos, há uma grande concentração de restaurantes espanhóis, resolvemos jantar uma paella e escolhemos fazê-lo no Clube Espanhol, que além de uma arquitetura árabe fantástica, tem boa comida, bons preços, uma bela decoração e está muitíssimo bem conservado, é quase como visitar um museu ou um pequeno palácio.
Outro dia, no café da manhã, encontramos um jovem casal de brasileiros, ela estava com a cara do capeta, pronta para o Dia das Bruxas, reclamava de tudo e tinha pressa para tudo e o argentino, como bem sabe o Caro Amigo, é um povo cortês e que não tem nenhuma pressa quando se trata de tomar café, senta e o desfruta, calmamente, lendo seu jornal. Ficamos imaginando o que se passava com a jovem. Hoje, novamente no café, descobrimos o motivo... mas temos que sair, a rua clama nossa presença, contamos depois!

Beijos,

Sayo e Claudio

 

Buenos Aires, 03 de novembro de 2010.

Caro Amigo,

Em nossa modesta opinião, figurando entre os primeiros lugares na lista das piores invenções da humanidade, antes mesmo da bomba atômica e do condomínio, estão as viagens em família, que somente são superadas pelas viagens em família com bebê ou com adolescente e com pouco dinheiro. É um tal da cunhada dizer não sei o que; a sogra olhar não sei como; o genro ser sovina; a nora esbanjadora; o bebê chorar o tempo todo e fazer coco nas horas mais impróprias; o filho de fulano ser cheio de vontades (sempre é o filho dos outros) e a filha de beltrano vestir-se como um adulto, quando não passa de uma criança; e a sobrinha adolescente então, insuportável; já a vovó, uma mala sem alça; e a coisa vai seguindo infinitamente.
 
E foi assim que descobrimos o motivo da cara feia de nossa amiga, ela viajava com pouco dinheiro, já que estava hospedada em um hotel econômico, não em um cinco estrelas, e de quebra trazia a cunhada (ou irmã) com dois bebês, um de dois ou três anos e outro de meses, que o pobre pai carregava atado ao corpo. E Claudio, o grande filósofo, disse-me então: “Isso sim é programa de índio, não aquela viagenzinha que faço ao Xingu” (ah, ah, ah!).

Pedimos imensas desculpas ao Caro Amigo que adora viajar em família e, principalmente, com seus amados pimpolhos, é que como somos uma empresa completamente independente e imparcial, portanto nos reservamos o direito de emitir, sempre, nossas sinceras opiniões. Acreditamos que existem lugares sensacionais para viajar com crianças muito pequenas, como hotéis fazendas, arrastá-las, horas à fio, pelas ruas de cidades não é, realmente, a melhor opção; quanto ao restante da família, acreditamos que o problema é a intimidade, que faz com que as pessoas deixem de tratarem-se com a devida educação e urbanidade. Então é melhor deixar as reuniões familiares para aqueles domingos festivos e, ainda assim, vai dar confusão na hora de lavar a louça.

Bem, mas voltemos à viagem, seguindo a indicação de um Caro Amigo, demos uma volta no Bairro de Recoleta, destino de gente elegante, lojas de grife, edifícios de luxo.
No cemitério do bairro estão enterradas muitas das celebridades do país, como Evita e Gardel; a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, ao seu lado, está meticulosamente restaurada e pintada, com altares laterais quase tão maravilhosos como o central, lindas imagens coloridas e douradas. Paramos para refrescar-nos, com uma cervejinha gelada, no tradicional Bar La Biela, embaixo de uma enorme árvore, no meio da calçada, assim podíamos observar os transeuntes.
 
Quando nos dirigíamos ao Mercado de Abasto, descobrimos a 25 de Março de Buenos Aires. Claro que descemos do ônibus para apreciar mais de perto e, lógico, fazer alguma urgente comprinha. Fica na Rua Lavalle, mais ou menos entre os números 2200 a 2700, nela encontramos tecidos, bijuterias, artigos de armarinho, para artesanato e festa,  papelarias, roupas de cama e mesa, de um tudo, não deve nada para sua irmã brasileira, principalmente quanto à muvuca de gente.
Informo à Cara Amiga que a moda verão aqui promete ser muito romântica, leves echarpes no pescoço, mais com a finalidade de adorno, inclusive nos dias quentes e com blusinhas de alça; coletes de todos os modelos e tamanhos, com pontas ou sem, em tecidos leves ou linha; muito babados, tecidos floridos, batas, rendas, bordados, cores pastéis. Pareceu-me um pouco diferente do que esboça o verão brasileiro, vejamos!
Escolhemos um pequeno e tradicional restaurante, inaugurado em 1894, para jantar e assistir um show de tango, sem grandes pretensões, nosso tempo dos shows hollywoodianos já passou, o Bar Los 36 Billares, que fica bem ao lado de nosso hotel. As mesas eram ocupadas por gente do mundo todo, África do Sul, Escócia, Shirilanca, Espanha, México, Inglaterra, Argentina e Brasil. O show estava legal, principalmente para o Claudio
O vinho era bom, mas o Bife de Chorizo, que parecia magnífico em tamanho e textura, estava gelado, assim como as batatas que o acompanharam, uma verdadeira vergonha servir algo assim em Buenos Aires e em um restaurante que figura nos guias turísticos da cidade, como dissemos ao garçom que nos atendeu. Outra de nossas máximas de viagem: algo sempre não sairá tão bem como esperávamos.
Pelo menos terminamos a noite com um café quentinho e uma torta de ricota com morango; afinal estava morrendo de fome (Sayo), já que me recusei a comer o bife frio e mandar esquentar ou pedir outra comina, depois de reclamar... nem pensar, coisa que aprendi trabalhando em restaurantes no Brasil. O Claudio, como sempre destemido, não teve qualquer problema em comer os dois.
 

 Beijos,

Sayo e Claudio

PS.- O Stut também veio
 

 

Santos, 04 de novembro de 2010.

Caro Amigo,

Último dia de viagem, sempre uma pontadinha de tristeza no coração, mas tratamos de que aproveitá-lo da melhor forma, afinal o dia estava maravilhoso e ainda restavam, como sempre, as últimas das últimas comprinhas a fazer.
Uma rápida passadinha pelo Congresso, a praça em frente está reformada, com uma nova concepção de piso, o edifício parecia mais lindo e imponente que nunca, com um tom branco acinzentado e detalhes que levariam uma vida para explorar, e nos só tínhamos poucos minutos. Quem sabe na próxima? Para não fugir à regra, uma manifestação; vir à Argentina e não encontrar pelo menos uma manifestação é o mesmo que não vir, é um povo muito questionador e politizado.
Uma passadinha na Rua Florida. Um passeio por Puerto Madero, que perdeu a feia característica de porto, para transformar-se em uma nova e moderna localização de escritórios e restaurantes; um boulevard, ao longo do canal, onde se encontra a Fragata Sarmiento, aberta à visitação, e a Puente de Las Mujeres.
Para o almoço de despedida, como não poderia deixar de ser, um suculento Bife de Chorizo, acompanhado de uma salada de rúcula, coração de alcachofra e presunto cru e cerveja para refrescar, em um pequeno restaurante, La Posada, no nosso bairro. Observe como já estamos íntimos! Dessa vez não houve nem sombra de decepção.
Dedicamos algumas horas ao exercício das malas e terminamos o dia na casa de Leandro e Maria, com umas empanadas (espécie de pastéis assados, nada mais Argentino) cerveja, vinho, fotos, troca de experiências de viagens e a promessa de que, em março ou abril, irão ao Brasil, fazer-nos uma visita, ficando a CRKTour, desde já, encarregada de preparar um roteiro especial para crianças, já que Ramona e Franco farão parte da expedição.

Algum atraso na saída do vôo, já que o aeroporto localizado no centro da cidade, Aeroparque, fechou para reforma, e todos os vôos agora partem do Ezeisa, mas nada que prejudicasse nossa agenda de trabalho.
 
E assim, voltamos ao Brasil, esperando reencontrar o Caro Amigo, em dezembro, no Uruguai, com uma pequena parada em Gramado, para visitar a Casa de Papai Noel.

Obrigado por escolher nossa empresa para sua viagem (ah, ah, ah!)

Hasta a vista!

Beijos,

Sayo e Claudio

PS- Realmente, em Buenos Aires, fala-se mais português que espanhol e os preços estão ótimos!       

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