Santos, 07 de dezembro 2009.
Caro
Amigo,
Ouvimos
dizer que, no Deserto do Atacama, norte do Chile, o trenó do Papai Noel é
puxado por camelos.
Assim,
em nossa constante ânsia pela VERDADE e JUSTIÇA, após longa análise, concluímos
que meticulosa investigação, “in locu”, deve ser iniciada imediatamente, a fim
de que não reste comprometido o futuro da humanidade. Portanto, e também com o
legítimo intuito de cumprirmos nossa honrosa, longa e árdua META (100.000.000.000 Km
viajando, decidimos acrescentar alguns zeros porque estava muito fácil, ah, ah,
ah), resolvemos colocar, novamente, nossos pés na estrada.
Aproveitaremos
a oportunidade para dar um mergulho nas Cataratas do Iguaçu, comer um
maravilhoso Bife de Chorizo e, como não podia deixar de ser, fazer umas
comprinhas no Paraguai. Afinal, ninguém é de ferro !
Dessa
vez vamos de carro, ou melhor, com o nosso carro.
Vem
com a gente!
Sayo
e Claudio
Santos, 13 de
dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Para
que você, que irá nos acompanhar em nossa árdua jornada até os confins da terra,
não se perca da caravana, estamos mandando um mapa, com o roteiro da expedição.
----- Terrestre
Santos (Brasil -Atlântico)– Iquique (Chile - Pacífico)
Compre
seu bilhete, faça as malas (não esqueça o protetor solar e um casaquinho
básico, dizem que faz frio no deserto à noite), pegue o passaporte, avise os
familiares, desligue o gás, regue plantas, deixe o gato com o vizinho e as crianças na casa da
vó (a viagem será perigosa), prepare a pipoca, pegue uma Bohemia gelada (pode
ser Brahma ou Antártica), escolha uma poltrona confortável, sente em frete ao
aparelho de ar condicionado, ligue o computador
e VEM COM A GENTE.
Aproveite
para enviar alguma dica para tornar nossa viagem mais interessante. Talvez
alguma cidadezinha, que já visitou e achou incrível; um restaurante, que viu em
alguma revista de turismo; um lugar que você gostaria de conhecer, mas ainda
não teve tempo, dinheiro ou coragem; ou mesmo o endereço de uma avozinha
argentina, que faz uns alfajores maravilhosos, teremos imenso prazer em
visitá-los e contar tudo, nos mais mínimos e prazerosos detalhes.
Beijos,
Sayo
e Claudio
PS
– Encontramos uns malucos destemidos que resolveram nos acompanhar de corpo
presente. Kresimir vem da Croácia e Silvia, do Uruguai, o encontro será dia
21/12/09, às 20:30 horas, no Aeroporto de Salta. Lembra deles? São casados e
vivem na Croácia, já estivemos juntos em Zagreb, Bratislava e, no ano passado,
vieram para o Brasil, fomos juntos à Amazônia. Parece que a parceria deu certo,
o único problema é que o Kresimir gosta mais de tirar fotos que o Claudio e
Silvia, para completar, não anda sem sua câmera. Pobre de mim, lá se vai metade
de minha viagem!
San
Ignácio, 17 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Às
5:30 da manhã, já estávamos fora da cama, afinal 1.100Km não é pouca coisa. Mas
eles foram transpostos como num piscar de olhos, estrada tranqüila, clima
agradável, só paramos para as necessidades básicas e fundamentais à convivência
pacífica entre pessoas, comemos no carro mesmo.
Durante
a viagem, entre as leituras de guias, mapas e roteiros obtidos da internet,
demos muitas risadas com um livro que compramos poucos dias antes da viagem –
“Guia Michelíndio, aonde não ir, o que não comprar, o que não comer, com quem
não viajar e outras dicas para evitar roubadas turísticas”, de Helena Perim
Costa, Editora Matrix - não deixe de
comprar, é um retrato muito verdadeiro e divertido (o recado é principalmente
para você Luciana, que já está com a mala na porta).
Às
18:30, já estávamos em Foz do Iguaçu e, às 21:00, já hospedados, estávamos em
frente a um gelado copo de cerveja e um Bife de Chorizo Brasileiro (imita de
longe o dos ”hernamos”, Bife de Chorizo só na Argentina, não se engane, o resto
é imitação grosseira) mas estava muito bom.
Resistimos
bravamente à tentação de fazer uma visitinha ao Paraguai. Imagine como estará
às vésperas do Natal... pior que Saara e 25 de Março juntos, uma verdadeira
franquia do inferno: calor de 100 graus; poeira vermelha, gente gritando, se
matando para pegar a melhor oferta e comprar tudo antes dos outros ou antes que
o mundo acabe; carrinhos amassando seus pés e deixando sua perna roxa; vendedores
de péssimo humor; filas mais longas que as Muralhas da China; milhões de trombadinhas.
E nem entraremos no mérito das tentações consumistas, capazes de nos levar ao
inferno sem escalas. Mas não pense que viramos santinhos e juramos não sucumbir
às tentações da carne! Somente deixamos a visitinha ao Paraguai para janeiro,
na volta, quando, talvez, esteja mais vazio e, quem sabe, até encontremos umas
liquidações, assim poderemos comprar mais (ah, ah, ah!).
Resolvemos,
então, visitar as Cataratas do Iguaçu, que estão no rio Paraná, na fronteira
entre Brasil e Argentina. Deixamos o lado brasileiro para a volta e fomos ao
“Parque Nacional del Iguazú”, em território argentino, declarado Patrimônio
Natural da Humanidade pela Unesco, com seus 275 saltos e cachoeiras, que fica na
Província (significa estado em português) de Missiones, uma estreita faixa de
terra espremida entre o Paraguay e o Brasil.
É
passeio para o dia todo. A estrutura do parque é bem legal, com mapas e pessoas
para orientar, tem até trenzinho para parte dos percursos; muitas passarelas
bem conservadas; bastante vegetação, que garante temperaturas mais amenas;
muitos animais, cruzamos com lagartos, várias espécies de pássaros e uma
família de quatis (os bebezinhos são umas gracinhas); as borboletas são um show
à parte, não somente nas cores, como na forma, tem uma espécie, chamada 88,
cujas asas têm um pequeno detalhe vermelho e formas geometrias negras, sobre o
fundo branco, que formam o número 88.
Mas
também tem muita escada e longas caminhadas, que a gente até esquece quando se
depara com a grandeza das quedas d’água, que estão espalhadas ao longo do percurso,
sendo a Garganta do Diabo a maior e mais impressionante, faz a gente esquecer o
calor, o cansaço e que tem que andar tudo de volta para ir embora, espalha água
para todo lado, um refrescante banho no calorão do verão.
A dica é ir com roupas cômodas e frescas, a
Havaiana vai muito bem; nada de fazer como certos turistas que parecem que vão
desbravar terras inóspitas, pois os quatro circuitos principais (inferior,
superior, passeio da Garganta e verde) não têm nada de radical; eles têm
calçamento, passarelas e corrimãos. Levar um lanchinho e bebida, para picnicar,
de quando em quando, enquanto descansa, é ótimo. Mas se o Caro Amigo pretende
aventurar-se em um passeio mais radical, com alguma das empresas particulares
que estão dentro do parque, então se vista de acordo.
Nas
proximidades de Puerto Iguazu, na cidade de Wanda, também Argentina, visitamos
uma mina de extração de pedras preciosas. Realmente uma coisa muito
interessante, que nunca havíamos imaginado que era assim, em uma mesma mina, encontram-se
vários tipos de pedra ametistas, topázios de várias cores, cristal de rocha,
quartzo etc.; pois a origem das pedras são as mesmas, bolhas de ar, que, há
milhares de anos, formaram-se no magma e que foram submetidas a temperaturas e
pressões distintas, produzindo as diversas pedras. O Caro Amigo, mais incrédulo,
pode ter ficando meio desconfiado da explicação, mas, se não for exatamente
isso, é algo que vai por aí, afinal não estamos aqui para escrever um tratado
de geologia, estamos de férias (ah, ah, ah!).
Os
mineiros vão cavando a rocha com ferramentas grandes, ou explodindo com
dinamite, até encontrar um vestígio de óxido, que é verde, que indica que está
se aproximando de um torrão de pedras preciosas. Então começa um trabalho
artesanal, com mareta e talhadeira. Ao chegar ao torrão, introduz, em seu
interior, que é geralmente oco, uma fibra ótica, que permite observar suas
dimensões; então começam a entalhar em sua volta, a fim de soltá-lo sem
danificá-lo, para que as pedras tenham maior valor quando forem cortadas e
lapidadas. Os torrões têm vários tamanhos, podendo chegar a mais de mil quilos
e, internamente, parecem bico de jaca.
Escolhemos começar a viagem na Província de Missiones
porque queríamos não só visitar as Cataratas, mas também conhecer as ruínas das
missões jesuíticas, que são uma das principais atrações e foram declaradas Patrimônio
Cultural da Humanidade pela Unesco, em
1993.
Os
jesuítas chegaram à região, no início de 1600, fugindo do Brasil, da região do
Paranapamena, em virtude do ataque dos Bandeirantes, que queriam escravizar os
guaranis. Aqui montaram as Reducciones, nome usado para missões, onde os índios
guaranis, que eram muito sociáveis, viviam em plena harmonia com os jesuítas,
que falavam a língua guarani, formando verdadeiras cidades, muito bem
organizadas, com até 7.000 habitantes e dirigidas pelos índios, praticamente
independentes da Coroa Espanhola. Os índios catequizados, educados, aprendiam
ofícios, plantavam, além de conservarem seus principais hábitos tribais. Por
acordos entre os jesuítas e o governo espanhol, os índios que viviam em missões
na poderiam ser escravizados, era pago um imposto, à Coroa, por cada índio.
Contam
que por ganância, medo que as missões tentassem sua independência e pela
necessidade de mão-de-obra escrava, que não podia mais ser trazida da África, em
1768, os Jesuítas foram expulsos da América, foram trazidos os Franciscanos,
que não falavam a língua guarani e não
estavam interados dos acordos, então os indígenas foram escravizados e as
missões entraram em decadência.
Seguindo
cerca de 270 km, paramos na cidade de San Ignácio para visitar a Reducción de
San Ignácio Mini, a mais bem preservada da região. A cidade é pequena, sem atrativos, mas as
ruínas realmente justificam a parada. Além de realmente em muito bom estado, a
de San Ignácio conta com tecnologia de ponta recém instalada, até o governador
foi fazer uma visitinha noturna.
E
adivinhe quem foi convidada para acompanhar a visita... a CRKTour, mas está na hora de encontrar hotel, contamos
depois!
PS:
Estamos enviando um arquivo contendo imagens das Cataratas do Iguaçu vistas do
lado argentino.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Resistência,
19 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Fizemos
uma visita guiada à Missão de San Ignácio Mini à tarde, quando também nos
interamos do horário do espetáculo de luz e som noturno. O custo da entrada é
cerca de R$10,00, para integrantes do Mercosul, com direito a visita guiada,
sendo que o mesmo ingresso pode ser usado por quinze dias, para visita nas
demais missões ( Santa Ana, Nuestra Senhora de Loreto e Santa Maria).
Nosso
guia manjava de tudo, pelo jeito tinha descendência guarani, pois nos explicou
muito do vocabulário, mas tinha um espanhol carregado (ou meio misturado com
sotaque guarani), que nos obrigou a redobrar a atenção às explicações, apesar
de dominarmos a língua.
Entre
a moderna tecnologia instalada em San Ignácio \Mini, existe, em frente aos
principais pontos da missão, um painel com a foto do que seria o monumento na
época de pleno funcionamento do local, e onde o turista pode, ainda, escolher
em que língua quer ouvir a explicação (espanhol, português, inglês, francês e
alemão). O que dispensaria até a necessidade de um guia, embora ela torne a
interação mais pessoal.
O
espetáculo noturno teria início às 20:00 horas, há que se comprar bilhetes
especiais, chegamos cerca de quinze minutos antes, logo ao final da visita
guiada, e qual não foi nossa surpresa quando o senhor, que vendia os bilhetes,
informou-nos que a apresentação das 20:00 horas estava suspensa, pois haveria
uma apresentação especial para o Governador e políticos, a outra, para os reles
mortais, ocorreria após às 21:00 horas, em horário que ele ainda não sabia
precisar. Choramos copiosamente, porque atravessamos o mundo para assistir ao
espetáculo; porque nossa mãe não dorme enquanto não chegarmos; porque já
havíamos estado lá duas vezes para indagar sobre o horário e nada nos havia
sido dito; porque era uma falta de respeito com o turista. Em resumo, tanto
ranhetamos que o pobre homem se comoveu e foi falar com o responsável, que nos
convidou a assistir juntamente com a comitiva do Governador, e sem custo algum.
Quem não chora não mama (ah, ah, ah!).
Basicamente
(não vamos nos atrever como na explicação das pedras preciosas), são projeções
feitas em uma cortina de água pulverizada, que dão efeito tridimensional. O
espetáculo começa com um índio que vai contando como tudo aconteceu, os
espectadores vão caminhando pelas ruínas escuras, seguindo grupos de índios,
animais, espanhóis, jesuítas que vão mostrando a história. Os amigos franceses
que nos perdoem, mas é coisa para colocar espetáculo de luz e som do Palácio de
Versalles no chinelo (e não é havaiana). Se o Caro Amigo quiser saber mais,
basta ir ao espetáculo natalino das Águas Dançantes, no Ibirapuera, em São
Paulo, pois usado o mesmo tipo de projeção, já assistimos (nós também não somos
nada fracos).
Uma
das alavancas da economia da região é a erva mate. É aquela que se toma em uma
cuia, chupando através da bomba (parece um canudinho); que, por aqui, é tomada
quente, fria, com suco de frutas, acreditamos que esteja presente até nas
mamadeiras. Por todo lado as pessoas carregam enormes garrafas térmicas e andam
com sua cuia na mão. São um verdadeiro trambolho, mas estão tão incorporados à
cultura local que aqui parece a coisa mais natural do mundo, como usar relógio.
Com
o intuito de difundir sua cultura, foi criada a Rota do Mate, que se estende
entre as Províncias de Missiones e Corrientes. São restaurantes, lojas,
fazendas, museus que difundem a cultura da erva mate, através da visita a
plantações e fábricas, demonstração de preparo, além de venda produtos ligados
a ela.
Resolvemos
fazer um aparte no roteiro já programado e ir até Apostoles, para visitar o
Museu Histórico Juan Szychowski, e aprender um pouquinho mais sobre esse
costume local. Fomos muito bem recebidos, até abriram o museu meia hora mais
cedo para receber-nos (por aqui há “siesta”, então nem pense em morrer entre 12:00
e 16:00 horas, está tudo fechado, até o cemitério). De cara, entregaram-nos,
como não poderia deixar de ser, uma cuia e uma garrafa térmica, por sorte
pedimos de sabor laranja e doce, o que não é hábito local, porque o negócio é
meio amargo.
O
museu está situado dentro de uma fábrica de erva mate, o da marca Wanda, uma
empresa familiar; então, além de contar sobre a própria erva mate, conta sobre
a família a qual ele pertence, que é de origem polonesa. E dissemos contar
porque ele é alto explicativo, à medida que se caminha uma gravação vai
explicando tudo. Assistimos a um pequeno filme, vimos o funcionamento de várias
máquinas
E,
para fechar com chave de outro, terminamos a visita na lojinha, onde ganhamos
vários presentes, mate para a cuia (agora precisamos comprar uma) e mate em
saquinhos, nos vários sabores que produzem. Compramos mais alguns chazinhos
(quem sabe o Caro Amigo passa lá em casa para prová-los) e agradecemos tanta
gentileza presenteando os anfitriões com um energético brasileiro, à base de
guaraná e açaí, pois um amigo chileno, Christian, que vive no Brasil, já nos
havia dado a dica que eles adoram. Para falar a verdade, apesar de uma certa implicância
injustificada dos brasileiros, os argentinos nos tratam muito bem, são muito
simpáticos, adoram o Brasil e nossos produtos, principalmente novelas.
Dormimos
em Posadas, capital da província, uma simpática cidade à beira do Paraná, com
uma agradável avenida costaneira, cheia de restaurantes, e, no dia seguinte,
seguimos em direção à Resistência, já na Província de Chaco.
Encontrar
hotel foi um parto... mas contamos depois, estou morrendo de fome, na noite
passada, inacreditavelmente, meu Bife de Chorizo não saiu à contento.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Salta,
21 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Saindo
de Posadas, rumo a Resistência, atravessamos a província de Corrientes, cuja
capital, de mesmo nome, é separada de Resistência por pouco mais que uma grande
ponte, de uma poderíamos visitar a outra.
Chegamos
na hora da “siesta”, já tínhamos um mapa da cidade, que indicava hotéis, não
eram muitos, mas provavelmente não teríamos problemas. Ledo engano!
Parte
dos hotéis estava em péssimo estado, não correspondendo às estrelas que diziam
ter; parte, era minúscula, teríamos que usar dois quartos, um para nós, outro
para bagagem; parte estava lotada; parte era cara demais.
Quando já íamos desistir, e voltar para o Brasil (é brincadeirinha). resolvemos tentar o último hotel de nossa lista; encontramos um edifício estreito, apertadinho entre uma casa e uma pequena gráfica, a quatro quadras do calçadão, não pusemos muita fé. Entre os dois últimos quartos vagos, encontramos uma enorme suíte, que, além o banheiro novinho, tinha uma grande banheira em formato triangular, com hidromassagem, num dos cantos do quarto. Deus protege os bêbados, os loucos e as criancinhas, mas não se esquece dos turistas (ah, ah, ah!).
Quando já íamos desistir, e voltar para o Brasil (é brincadeirinha). resolvemos tentar o último hotel de nossa lista; encontramos um edifício estreito, apertadinho entre uma casa e uma pequena gráfica, a quatro quadras do calçadão, não pusemos muita fé. Entre os dois últimos quartos vagos, encontramos uma enorme suíte, que, além o banheiro novinho, tinha uma grande banheira em formato triangular, com hidromassagem, num dos cantos do quarto. Deus protege os bêbados, os loucos e as criancinhas, mas não se esquece dos turistas (ah, ah, ah!).
Depois
de um banho, demos uma voltinha pelo comércio e fomos procurar um restaurante.
O Don Abel é um dos melhores da cidade, com certeza dormiríamos muito felizes e
com a barriguinha bem cheinha. Outro engano! Pedi (Sayo) um Bife de Chorizo com
molho Roquefort, nada de diferente; mal passado, também usual no país. Chegam
os pratos e o garçom me entrega Bife de Chorizo ao Alho, não que não goste, mas
amo queijo; ele rapidamente se propõe a fazer a correção, aguardo. Chega o
outro bife. Com a água pingando da boca, corto um enorme pedaço... tive um
chilique, o bife estava duro, seco, esturricado, super bem passado. Chamei o
garçom, protestei, devolvi o prato e preferi não comer mais nada (contou-nos um
amigo, que quando o cliente reclama o cozinheiro, para vingar-se, cospe na
comida). Melhor não arriscar!
A
região, que percorremos até agora, é toda cortada por rio, inclusive o Rio
Paraná, que, aliás, batiza a vegetação predominante, Selva Paranaense. Um dos
passeios mais comentados é a Ilha Del Cerrito, localizada no Rio Paraná.
Infelizmente, em virtude de inundações, não pudemos conhecê-la. Talvez na
volta.
Chamou-nos
a atenção que a mandioca faz parte da cultura regional, pensávamos que ela só
fosse conhecida no Brasil. Existe um pãozinho, chamado Chipa, que é muito
similar ao pão de queijo, também feito com polvilho da mandioca, geralmente tem
formato mais compridinho e não leva queijo, mas tem aquela casquinha crocante e
o interior meio chicletoso, uma delícia.
A
cidade de Corrientes é mais simpática que a de Resistência, tem uma bonita
avenida costaneira, com ótimos restaurantes. Porém sábado os museus não abrem.
Seguimos
para Salta. Apesar da estrada estar em ótimas condições, passar em meio a
vegetação exuberante e o valor do pedágio ser quase insignificante, a viagem
foi terrível. São quase 600Km, de uma estrada toda povoada por pássaros, que
comem os grãos que, provavelmente, caem dos caminhões que transportam colheitas;
além de bandos que sobrevoam a estrada, em vôo rasante, e atropelam os veículos. Ainda
existem cabras, vacas, carneiros e cavalos que pastam à beira da estrada e, sem
qualquer cerimônia, entram na pista. Assim, são 600Km buzinando, freando
abruptamente e sobressaltando-se.
Mas
sobrevivemos a tudo e chegamos a La Linda. E começou a etapa da caça ao hotel.
Em nossa modesta opinião, um hotel, além de bom e barato, tem que ser
simpático, guardar algo que o conecte com o clima da cidade, algo que faça com
que você sinta-se em casa, por isso não costumamos fazer reservas antecipadas.
Por vezes, atrás de uma suntuosa recepção, existe um quarto minúsculo e sem
qualquer atrativo. Na foto da internet tudo é lindo, pessoalmente a coisa, por
vezes, muda de figura. Se não encontrarmos um que atenda todas as nossas
expectativas, um barato e limpo já é de bom tamanho.
O
Caro Amigo já deve estar cheio de dúvidas: Quem é La Linda e por quê? Que tipo
de hotel teria o clima da cidade? Mas qual é o clima da cidade? Encontraram o
hotel certo?... Calma, tudo a seu tempo, já é hora do café, contamos depois.
Beijos,
Sayo
e Claudio
PS
– Para quem não entendeu nada daquela tal de erva mate tomada na cuia, esquecemos
de contar que é o Chimarrão, muito tomado no sul do Brasil, que quando gelado
tem o nome de Tererê, que é tomado no Mato Grosso.
Salta
(La Linda), 23 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Salta
é conhecida como La Linda, um justíssimo apelido. Tem preservado seu estilo
original, o colonial espanhol, que para nós, brasileiros, é o estilo que vemos
nos filmes mexicanos. Construções amplas, assobradadas, pintadas, com pátios
internos, poços, trepadeiras, varandas. Uso de madeira pesada e escura, telhas coloniais
arredondadas, piso e azulejos rústicos, em geral, sem vitrificação.
A
Praça 9 de Julho, quadrada, é o coração da cidade, dizem que ela tem cerca de
oitenta tipos de árvores da região (é bem possível, não contamos), é toda
contornada por laranjeiras. No seu coreto, de ferro com piso de madeira, aos
domingos, jovens e velhos dançam tango, para deleite dos turistas.
Em
volta da praça, bem a estilo espanhol, os principais edifícios da cidade. O Cabildo
(prefeitura) está precisando de uma reforma.
A Catedral é o sonho de toda
noiva, duas torres, pintada de rosa claro e com os abundantes ornamentos
externos em cor de manteiga, já parece um bolo; internamente em mármore, em
tons entre o róseo e o terracota, com as magníficas imagens de Nosso Senhor e
Virgem dos Milagres, além das imagens existentes nos altares laterais.
Nosso
hotel? Foi trazido diretamente de alguma cidadezinha mexicana, um encanto,
novinho, pessoal simpático, sala de leitura, pequenos pátios com guarda-sóis,
varandas de madeira, quartos confortáveis e um precinho ótimo. Na verdade a
cidade tem uma imensa variedade de hotéis, para atender todos os gostos e
bolsos, visitamos muitos deles até escolher o nosso.
Não
faltam bons restaurantes, também explorando a arquitetura colonial espanhola,
decoração rústica e colorida, e comida regional, que é composta de guisados,
muito milho, carne de porco e cabrito, mas também não faltam as Parrillas
(churrascos). Por exemplo, a Humita é como nossas pamonhas, um pouco mais
temperada e com um pouco de abobora; já o Tamal, também parecido com a pamonha
leva também carne. A Empanada Saltenha é algo sensacional, é um pastelzinho
assado, em forma de meia lua, com as bordas redondas e enroladas o que o torna
tão maravilhoso é que sua massa é fininha (cerca de 1 milímetro) e crocante,
com um leve queimadinho e o recheio abundante e úmido. Muitos restaurantes apresentam as Peñas
Folclóricas, espetáculos de música e danças, com guitarras e trajes típicos,
parecidos com os dos gaúchos brasileiros, calças bombacha e saias rodadas,
assistimos um.
O
comércio da cidade é excelente: roupas, sapatos e bolsas de couro, utensílios
de casa. Não esquecendo o artesanato,
que explora a lã de llama, o couro e o barro. No Mercando Municipal é possível
comprar, ainda, queijos artesanais, como os de cabra, doces e frutas.
Porém,
apesar de tudo isso, do teleférico, das outras igrejas e museus, que torna a
cidade um verdadeiro espetáculo a céu aberto, o melhor da cidade é que... está
na hora de dar uma paradinha para um picnic, contamos depois.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Tilcara,
24 de dezembro de 2009.
Caro amigo,
Caro amigo,
Kresimir
veio da Croácia e encontrou-se com sua mulher, Silvia, que vinha do Uruguai, em
Buenos Aires, onde tomaram o avião até Salta. Chegaram ao aeroporto no horário
combinado, às 20:30 horas, porém, infelizmente, ele chegou sem sua mala. O Caro
Amigo deve ter cuidado quando passe pelo aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires,
nunca ponha nenhum tipo de eletrônico, ou qualquer coisa de algum valor, como perfumes,
tênis ou jóias, na mala que vai despachar, traga sempre na mala de mão, para
não correr o risco de ficar sem eles.
Mas
voltando a Salta, apesar de tudo de bom que a cidade tem, o melhor é que está
localizada em posição estratégica, ponto de partida para os incríveis passeios
da região noroeste da Argentina, entre os melhores do país. Seu Centro de
Informações Turísticas é ótimo, com gente cortês, informações precisas, muitos
mapas e dicas; dá para visitar tudo sem precisar pagar excursão, saindo e
voltando para Salta.
Nossa
primeira aventura foi em parte dos Valles Calchaquíes, 156 km, pela RN-33, até
a pequena cidade de Calchi, pouco mais que uma praça central, tudo
imaculadamente branco, mantendo ar mexicano; onde, apesar do clima seco, a
praça é um Oasis de frescor e beleza.
Para chegar até lá, percorremos a Encosta do Bispo, 20Km de barrancos, precipícios e curvas, que atingem 3.300m de altitude, onde a vegetação encontra as nuvens.
Passamos, ainda, pela Reta Tin-Tin, há 3.000 de altitude, uma reta de 19km, de traçado perfeito, feita no período dos Incas; e, ainda, pelo Parque Nacional los Cardones, uma espécie de cacto gigante.
Para chegar até lá, percorremos a Encosta do Bispo, 20Km de barrancos, precipícios e curvas, que atingem 3.300m de altitude, onde a vegetação encontra as nuvens.
Passamos, ainda, pela Reta Tin-Tin, há 3.000 de altitude, uma reta de 19km, de traçado perfeito, feita no período dos Incas; e, ainda, pelo Parque Nacional los Cardones, uma espécie de cacto gigante.
Segunda
aventura, Valles Calchaquíes, 180km, pela RN-68, passando pelo Dique Cabra
Corral, um grande lago de água represada, onde se praticam esportes náuticos,
circundado por montanhas.
Passamos, ainda, pela ‘magnífica Quebrada das
Conchas, 83km onde a erosão eólica e hídrica gerou esculturas em montanhas de
cor terracota, que receberam nomes de acordo com suas formas, entre elas a
Garganta do Diabo, o Frei, o Anfiteatro, o Sapo, os Castelos, as Janelas, a Casa dos Loros
(eles moram lá de verdade) e outros. Tudo lindo, inclusive os amistosos
burricos que passeiam pelo local.
Uma
das coisas que nos trouxe a Salta foi conhecer o Trem das Nuvens, famosíssimo, um
trem turístico, que tem saída aos sábados, que percorre 219 km, até o Viaduto
La Polvorilla, atravessando 29 pontes, 12 viadutos, 21 túneis, duas curvas de
360° e duas subidas em ziguezague, passando por San Antonio de los Cobres, uma
cidade de mineiros; chegando a 4.400 metros (já sabem o motivo do nome).
Infelizmente, não sabíamos, ele não funciona de dezembro a março, em virtude do degelo e de chuvas. Uma lástima, perder um dos melhores passeios.
Infelizmente, não sabíamos, ele não funciona de dezembro a março, em virtude do degelo e de chuvas. Uma lástima, perder um dos melhores passeios.
Mas,
no Centro de Informações Turísticas, nos deram uma opção que poderia amenizar, em
parte, a dor de tal perda, que se transformaria na nossa terceira e verdadeira
aventura... mas isso fica para uma
próxima vez, temos que nos arrumar para a ceia de Natal, que por pouco não
perdemos.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Quebrada
de Humauaca, 26 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Por
sugestão do pessoal do Centro de Informações Turísticas de Salta, resolvemos
fazer o trajeto do Trem das Nuvens de carro, pela RN-51, que, em grande parte
do percurso, segue ao lado da ferrovia; seguindo para as Salinas Grandes, pela
RN-40; depois para a cidade de Purmamarca, RN-52, já na Província de Jujuy;
finalizando na cidade de Tilcara, RN-9, onde passaríamos a noite de Natal.
Circuito de cerca 300km, percurso que poderia ser feito, turisticamente (que
quer dizer parando para apreciar o visual e tirar fotos), em 6 horas, conforme
o Centro de Informações Turísticas. Saímos de Salta às 08:00 horas.
Pela
RN-51, passamos pela localidade de Campo Quijano, conhecida como o Portal dos
Andes, e entramos na Quebrada Del Toro, visitamos o sitio arqueológico
pré-incaico de Santa Rosa de Tastil. E tudo era pedra e cacto, cacto e pedra, tudo
seco (não havia uma sobrinha para um picnic), paisagem interessante, parecia que
alguém, engenhosamente, foi empilhando pedra sobre pedra, formando montanhas.
Chegamos a San Antonio de los Cobres, cidade realmente feia, com ar de cidade fantasma, e o que era pedra virou pó, o que era cacto virou pó; resumindo, a cidade é um pó só. E para completar a altitude, mais de 4.000m, que já nos causava um pouco de mal estar e cansaço.
Chegamos a San Antonio de los Cobres, cidade realmente feia, com ar de cidade fantasma, e o que era pedra virou pó, o que era cacto virou pó; resumindo, a cidade é um pó só. E para completar a altitude, mais de 4.000m, que já nos causava um pouco de mal estar e cansaço.
O
viaduto La Polvorilla, pnto máximo do trajeto, é uma monumental obra de
engenharia, viaduto em curva, com 224m de comprimento e 64m de altura. A seus
pés fizemos nosso picnic e seguimos, às 14:00, já havíamos gasto todo o tempo
previsto para o percurso completo. Acho que os nossos fotógrafos (da CRKTour)
são melhores que os outros, ou tiram mais fotos.
A
RN-40 é o que chamam aqui de caminho consolidado, ou seja, não é asfalto, mas
sim um caminho de terra e pequenos pedregunhos, que já se solidificou e permite
transitar com facilidade, em resumo, melhor que muita rodovia do Brasil.
Planícies de terra árida, sem fim, vegetação seca, algumas llamas, burricos e
alpacas, algumas casas de barro, como que abandonadas, era o que víamos,
nenhuma viva alma (morta não sabemos), ou placa em uma das várias bifurcações.
Assim que acreditávamos estar no caminho certo, porém não tínhamos certeza.
Só
não contávamos, quando já nos imaginávamos perto das Grandes Salinas, é que a
estrada estivesse transformada em uma lagoa, um rio de cerca de 50m de
comprimento. E, então, nossa primeira visão de uma alma viva foi uma
caminhonete, atolada no meio do rio da estrada, e um veículo parado do outro
lado da estrada, depois da lagoa.
E a pergunta que não queria calar: Se eles não conseguiram passar, nós passaríamos? Claro que não!! Foi um choque, já passavam das 16:00 horas, não estávamos nem perto de nosso destino final e de um banho quente. Resolvemos voltar, melhor passar o Natal em uma estrada seca, que em uma lagoa. Talvez tentássemos algumas das bifurcações que iam não se sabe para onde, já que placas não existiam.
E a pergunta que não queria calar: Se eles não conseguiram passar, nós passaríamos? Claro que não!! Foi um choque, já passavam das 16:00 horas, não estávamos nem perto de nosso destino final e de um banho quente. Resolvemos voltar, melhor passar o Natal em uma estrada seca, que em uma lagoa. Talvez tentássemos algumas das bifurcações que iam não se sabe para onde, já que placas não existiam.
Há
cerca de dois quilometros, cruzamos com um caminhão com dois homens na
carroceria. Pensamos: provavelmente para resgatar a caminhonete. Já refeitos do
choque e sem coragem de encarar o longo caminho de volta a Salta, resolvemos
voltar à estrada-lagoa, seguindo o caminhão.
Ele
realmente foi resgatar a caminhonete e, quando entrou no alagado, tivemos
certeza que não passaríamos, pois em certos trechos era realmente muito
profundo. Tivemos, então, a idéia de observar como estava o terreno fora da
estrada, se não estivesse completamente alagado, poderíamos passar. Partiram
duas expedições de reconhecimento, e escolhemos o lado direito, que estava meio
fofo, úmido, tinha pedras e vegetação, mas não estava alagado. Kresimir foi à
frente, Claudio dirigindo, Silvia e eu, rezando, caminhávamos atrás. Passamos!
Outros veículos, de menor porte, não tiveram a mesma sorte e voltaram.
Visitamos
as Salinas Grandes, brancas e salgadas.
Às 17:30, já estávamos hospedados em Tilcara, nunca foi tão fácil, escolhemos o primeiro hotel que apareceu que, por sorte era bem bonitinho. Construção de adobe (tijolo de barro cru, muito usado na região), chão de cimento queimado; um simpático pátio interno, para onde estavam voltadas as verdes janelas e portas dos quartos, decorado com vasos de barro, cactos, tecidos coloridos, pedras; teto de bambu, sustentado por colunas de madeira.
Às 17:30, já estávamos hospedados em Tilcara, nunca foi tão fácil, escolhemos o primeiro hotel que apareceu que, por sorte era bem bonitinho. Construção de adobe (tijolo de barro cru, muito usado na região), chão de cimento queimado; um simpático pátio interno, para onde estavam voltadas as verdes janelas e portas dos quartos, decorado com vasos de barro, cactos, tecidos coloridos, pedras; teto de bambu, sustentado por colunas de madeira.
A
população da região norte tem cabelo e pele escura, com feições indígenas, e
vestimenta peculiar, com ponchos, chales e casacos de lã de llama e alpaca; feições e modos pacatos. Além das casa de
adobe, é muito característico o uso do cacto seco, que se transforma em
verdadeira madeira, com alguns furinhos, para fazer móveis e artesanato em
geral.
A
Quebrada de Humauaca, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, antigo
percurso inca, estende-se desde San Salvador de Jujuy, capital da província de
mesmo nome, até quase a fronteira da Bolívia, por 155km, com grandes variações
de altitude; que, hoje, podem ser facilmente percorridos pela RN-9. É
constituída de cerros áridos, cujas encostas são nuas de vegetação, não fossem
alguns cardones (cactos gigantes) e pequenas moitas quase secas, que contrastam
com a verdejante vegetação existem a seus pés.
Encarregam-se
do show da Quebrada de Humauaca as cores e formas, produzidas pela erosão, em
suas encostas nuas. Por vezes se pode jurar ter visto um castelo, outras, um
conjunto de ocas, ovelhas, paredões, pessoas, como se alguém, por anos,
tivesse, pacienciosamente, esculpido tais maravilhas. Já as cores, vão além das
do arco íris (juramos que sim), terracota, ocre, marrom, bege, mostarda,
amarelo, verde, cinza, vinho, rosa, lilás; tudo depende do sol e da beleza que
está nos olhos de quem vê. Posição de destaque ocupa o Cerro das Sete Cores e a
Paleta do Pintor.
A
Quebrada é ocupada por pequenos vilarejos, que tiveram origem no período
pré-incaico e conservam suas ruas de terra, pequenas casas de adobe em tom
róseo, onde o tempo parece não ter passado, não fossem as mega-ultra
sofisticadas máquinas fotográficas dos milhares de turistas.
Tilcara
é uma cidade em tom róseo acinzentado, ruas sem calçamento, uma pracinha, onde
se encontra a igreja e inúmeras bancas de artesãos, com casacos, tapetes,
mantas, peças de barro, bijuteria de prata. É Patrimônio da Humanidade em
virtude de suas escavações arqueológicas, como destaque La Pucara, a fortaleza
utilizada pelos indígenas para se protegerem de invasões.
Purmamarca
tem as mesmas características da anterior, porém um pouco mais rosa e mais
organizadinha, bem bonitinha.
Humauaca
também parecida com as anteriores, mas tem suas ruas de pedra e terra. Um lindo
monumento aos Heróis da Independência, com escadaria e muros em pedra, cactos e
uma linda escultura homenageando os que lutaram. Na praça, a Igreja da
Candelaria é primorosa e de um nicho, abaixo do grande relógio, da torre do
Cabildo, às 12:00 horas, a imagem de São Francisco sai e abençoa a todos.
San
Salvador de Jujuy pareceu-nos sem muitos atrativos, pracinha e Catedral, que se
encontrava fechada. Dizem que a Igreja de São Francisco é maravilhosa, porém
também estava fechada.
E
se o Caro Amigo pensa que as perigosas aventuras se resumiram àquela pocinha de
água, ledo engano, o pior está por vir, melhor que o Caro Amigo reconsidere se
pretende continuar a nos acompanhar... hora de passar na Aduana Chilena,
contamos depois.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Paso
do Jama, 27 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Saímos
de Tilcara às 08:30, destino: Deserto do Atacama, Chile. Saímos cedo porque a
própria estrada, cerca de 400km, constituiria um espetáculo à parte, salares com lagoas
azuis, cerros, picos nevados, formações rochosas com diversas, lhamas, alpacas,
vicunhas, flamingos, uma verdadeira maravilha.
E
assim foi, até que saímos da Argentina e avistamos nosso primeiro salar
chileno, ao lado de uma lagoa azul, e resolvemos conferir de perto, saímos da
estrada, pois vimos que veículos já haviam transitado pelo local. Nosso grande
erro! Cerca de 200m depois, Claudio exclamou: o terreno está fofo demais! Eu
respondi: Volta já! Tardíssimo demais!!!
O
carro deu a volta e atolou na areia fofa. Não se esqueça, Caro Amigo, que
estávamos a uma altitude de 4.000 metros, onde o ar falta, dez passinhos é como
caminhar um quilometro; levantar uma
pedrinha é como carregar cinco quilos; qualquer pequenino esforço é uma grande
empreitada. Não é só chilique de jogador de futebol, não.
Para
carro atolado só existem três soluções. A primeira é sentar e chorar, não é de
nosso estilo. 0ptamos pela segunda, cavar a roda e empurrar. Cavamos (por sorte
havíamos comprado umas tigelas, nos serviram de pá), cavamos e cavamos,
encontramos bandas de pneu de caminhão com a qual calçamos a rodas. E, Antes de
empurramos, recomendei a Claudio que, se o carro desatolasse, seguisse, pois
iramos a pé. O carro saiu e, pouco a frente, Claudio, o desobediente, parou
para comemorar tirar foto, lavar a mão e para que entrássemos.
Poucos
metros depois, adivinhe... o carro atolou novamente. Começamos a cavar e cavar,
empurrar e empurrar, as rodas do carro patinavam na areia. Fomos buscar as
bandas de pneu de caminhão. Cavamos, cavamos, colocamos as bandas em baixo dos
pneus traseiros, empurramos e empurramos. A caminhonete movia-se milímetros, os
pneus patinavam e novamente cavar e empurrar. Já trabalhávamos há mais de uma
hora, e todos sentiam-se mal. Em determinado momento, Silvia desmaiou (cremos
que nunca mais viajará pela CRKTour) conseguimos reanimá-la com água no rosto,
Pepsi e água com açúcar. Então, uma mão a menos para o trabalho. Continuamos os
três, sem muito progresso.
Passadas quase duas horas, resolvemos tentar a
terceira solução, pedir ajuda a algum cristão caridoso que passasse pela
estrada. Silvia, já refeita (na medida do possível), caminhou até a pista, tão
logo fez um sinal, parou um veículo argentino, muito antigo, com cinco rapazes,
que imediatamente lhe deram água, folhas de coca para mascar (melhora os
efeitos da altitude) e já desciam para empurrar, quando um veículo chileno
novinho, um Mitsubishi/Pajero, de uma família, que se dirigia ao Brasil para
surfar por um mês, prontamente parou e dirigiu-se ao nosso encontro. Em minutos,
já estavam esvaziando um pouco nossos pneus, deitando no chão para engatar um
cabo de aço em nossa caminhonete e, em um piscar de olhos, estávamos fora do
atoleiro. E, em mais prontamente ainda, tiraram um equipamento de seu veículo e
encheram nossos pneus novamente. Um grande VIVA à gentileza dos chilenos e aos
novos amigos, Christian e Claudia. Despedimo-nos, marcando um novo encontro,
agora no Brasil, para meados de janeiro.
Por
incrível que pareça, a aduana chilena está localizada já em San Pedro de
Atacama, há 167 km da fronteira da Argentina, e é um verdadeiro calvário. Um calor infernal, longas filas, descer todas
as malas, revista milimétrica no carro. Também sobrevivemos.
San
Pedro de Atacama é uma cidade insólita, surrealista ... mas temos que parar
para tirar mais alguma centenas de fotos (acho que vai demorar), contamos
depois.
Beijos
Sayo
e Claudio
PS
– Esqueci de contar que, enquanto sofríamos para tirar o carro do atoleiro,
Claudio (o proprietário da tal CRKTout, empresa de viagens de procedência muito
duvidosa), ainda achava tempo para divertir-se fotografando tudo. Afinal, na
hora de empurrar ele estava confortavelmente sentado no banco do motorista.
Acho que nem eu viajo mais por ela (ah, ah, ah!)
San
Pedro de Atacama, 30 de dezembro de 2009.
Caro
Amigo,
Realmente
a cidade é insólita, surrealista. Se de um lado é um dos destinos turísticos
mais procurados do Chile, talvez até figure entre os mais procurados do mundo,
por seu deserto, mais alto e seco do mundo, a 2.440m acima do mar; lugar
inóspito, onde praticamente nunca chove. Redemoinhos de areia formados pelo
vento povoam o horizonte. Nossos olhos, pele e boca estão sempre secos; nariz
ardendo, ás vezes sangra, pés cheios de
areia.
Apesar
do constante fluxo de turistas de todas as partes do mundo, a cidade que é um
pequeno oásis no meio do deserto e aos pés da Cordilheira de La Sal, parece
parada no tempo, possui pouco mais de meia dúzia de ruas de terra, pois, onde
havia algum calçamento, a terra, trazida pelo vento, tratou de retomar seu
lugar; construções térreas de adobe e barro, em tom marrom acinzentado, sem
qualquer acabamento; uma pracinha, com sua igreja; dias quentíssimos e noites
geladas; hotéis muito simples, com pouco mais que a cama, um banho quente (que
depende do horário) e um ventilador; restaurantes, com suas mesas rústicas,
servem o jantar em meio a fogueiras, em seus pátios internos, para aquecer o
ambiente; cães vagando pela cidade, ou dormindo na entrada de algum armazém.
Aparentemente há uma precariedade de conforto, que lembra uma pequena cidade do
nordeste do Brasil, a intenção parece ser essa.
Pela
rua se vê de um tudo: Indianas Jones, bichos grilo, hyppies, ex-hyppies,
famílias com avós e crianças, músicos frustrados, grupos de formandos, ingleses
austeros, australianos loucos, americanos estranhos, japoneses ainda mais
estranhos, aventureiros verdadeiros, falsos aventureiros, turistas verdadeiros,
gente com pose do que pensa ser turista, gente disfarçada de turista, croatas,
uruguaios, brasileiros, brasileiros e brasileiros, realmente a grande maioria é
de brasileiros, que se encaixam em todas as outras categorias. Parece que, a
exemplo do que ocorreu em Buenos Aires, hoje conhecida como Brasil Aires, San
Pedro de Atacama passará a ser São Paulo de Atacama.
Mas
o que toda essa gente vem fazer em um lugar tão estranho, uma cidade que não é
particularmente atraente? Era o que nos perguntávamos, então saímos para
descobrir.
Inicialmente
há que se dizer que todo lugar é circundado por lindos cumes de vulcões
extintos, cor de terra, que contrasta com o azul do céu. Aqui e ali um tom mais
esbranquiçado, puro sal ou um tom amarelo ocre, cor da pouca vegetação
existente.
Fomos
às Lagunas Cejas que, como todas as lagoas da região, é de um azul marinho
profundo no centro, que evolui para um azul turquesa nas extremidades, contornada
pelo que parece ser uma espuma branca, que na verdade é sal. Sua densidade de
sal é maior que a do Mar Morto, não há como afundar, tudo bóia. Ojos Del Salar
são dois poços redondinhos, cheios de água azul e doce, separados por uma
estreita faixa de terra.
No
Valle de Muerte é um grande canion de sal, gesso e argila, onde a chuva e o
vento produziram forma e brilhos minerais. São enormes paredões de pedra dos
mais diversos tamanhos, onde sal e terra se misturam, e dunas de areia fininha,
onde a moçada pratica sandboard, dizem que o nome vem da aridez do local.
O
Valle de La Luna é um dos destinos mais procurados, é uma depressão rodeada por
pequenos cerros, uma grande extensão de terra, areia avermelhada, crateras e
dunas, onde aparecem grandes formações rochosas peculiares, produzidas pelo
ventos, em milhares de anos, como Las Tres Marías.
O sal branco cobre boa parte
do solo, o que dá ao local o ar lunar que originou o nome. Realmente um dos
lugares mais lindos que já vimos, assistir o pôr-do-sol na cratera central,
quando o céu adquiri cores fantásticas, vermelho, azul amarelo, turquesa, e os
picos andinos também se tingem, os corpos se tornam pequenos pontos negros
contra o céu, é realmente imperdível.
As
Lagunas Miñisques e Laguna Miscanti, são lagoas altiplânicas que se formaram,
há milhares de anos, em virtude de erupções vulcânicas.
Estão a cerca de 4.000m
de altitude, aos pés da cordilheira, têm o mesmo azul e sal branco, que
destacam o amarelo ocre da vegetação e o cume dos vulcões, que as rodeiam. No
caminho cruzamos com um assustado zorro andino (parece uma raposinha), que
tentava achar seu caminho em meio a turistas deslumbrados e suas máquinas
fotográficas mirabolantes.
Atravessamos a minúscula Socaire, cidade considerada
mirador do Salar do Atacama, pois sua posição elevada permite uma impressionante
vista dele, em toda magnitude e beleza; sua igrejinha é um mimo, pedra coberta
com palha, ao seu lado a pequena torre do sino, também de pedra.
Passamos,
ainda, pela pequena cidade de Toconao com suas construções em pedra vulcânica
branca, a laparita, extraída de uma cratera na região; onde visitamos a
Quebrada de Jere que, escondida entre enormes paredões de pedra, é um estreito
e verde pomar, cortado por um pequeno veio de água.
El
Tatio e seus gêiseres dividem opiniões, há os que odeiam e há os que adoram,
dizem que é uma das principais atrações locais, preferi não arriscar (Sayo),
porém os outros três destemidos foram. Saíram do hotel às 04:00 horas da manhã;
sacolejaram por 90km, à temperatura -5° (isso mesmo: menos 5 graus), até chegar
ao local, que está a 4.300m de altitude, com gente passando mal e vomitando no
caminho. Tudo isso para ver esguichos cíclicos de água, de várias intensidades,
saindo da terra em meio a vapores, fenômeno que tem origem vulcânica, lembrando
o funcionamento de uma panela de pressão; existem piscinas naturais termais com
cheiro de enxofre, porém nenhuma estrutura (tem que trocar de roupa atrás da
pedra, no frio).
O passeio também incluiu uma visita ao pequeno povoado de Machuca, a 4.000m, praticamente desabitado, que começa a ser repovoado graças a projetos turísticos. O Caro Amigo decide se quer ir ou fica comigo no hotel, cuidando da beleza (ah, ah, ah!)
O passeio também incluiu uma visita ao pequeno povoado de Machuca, a 4.000m, praticamente desabitado, que começa a ser repovoado graças a projetos turísticos. O Caro Amigo decide se quer ir ou fica comigo no hotel, cuidando da beleza (ah, ah, ah!)
Hora
de relaxar! As Termas de Puritana, também escondidas entre enormes paredões de
pedra, são um complexo de 7 piscinas naturais de água mineral medicinal, à temperatura de 33,5°, ao ar livre, ligadas
por passarelas de madeira, que serpenteiam entre uma vegetação típica da zona
(parecida com grandes moitas de capim). Sensacional, imperdível!
Um
dia antes de nossa partida de San Pedro de Atacama, enquanto tomávamos uma
cerveja e esperávamos o jantar (que demorava uma vida), discutíamos nosso
retorno à Argentina, se arriscaríamos uma estrada de terra que cruzava por
lindas paisagens, mas que diziam em condições questionáveis; já imaginando que
Silvia e Kresimir estavam loucos por nos ver pelas costas, quando, entre uma
cerveja e outra (e nada de comida), Kresimir nos propôs uma alteração no
roteiro original (parece que, apesar de tudo, não estavam tão insatisfeitos com
a CRKTour), que decidimos aceitar.
Esperamos, sinceramente, que o Caro Amigo não se aborreça, afinal, já com saudades de casa e com a mala cheia de roupas sujas, possivelmente já planejava as compras no Paraguai. Mas sabe para onde vamos?... conto depois, estou cansada de escrever, vou tirar um cochilo enquanto Claudio dirigi, não demora muito chegaremos ao nosso novo destino.
Esperamos, sinceramente, que o Caro Amigo não se aborreça, afinal, já com saudades de casa e com a mala cheia de roupas sujas, possivelmente já planejava as compras no Paraguai. Mas sabe para onde vamos?... conto depois, estou cansada de escrever, vou tirar um cochilo enquanto Claudio dirigi, não demora muito chegaremos ao nosso novo destino.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Antofagasta,
01 de janeiro de 2010.
Caro
Amigo,
É
a pura verdade, resolvemos passar a entrada do ano olhando para o Pacífico,
então deixamos San Pedro de Atacama em direção a ele. Uma pequena extensão no
roteiro original, somente uns 300km (e a estrada é boa, não tem atoleiro), mas
que não causará qualquer prejuízo monetário ao Caro Amigo, cliente assíduo da
CRKTour (ah, ah, ah!).
Bem
vindo à expedição agora denominada: “Expedição
Trópico de Capricórnio”. Que saiu do Trópico de Capricórnio em São Paulo, passando
novamente por ele em Antofagasta, Chile, e cujo destino é: contamos quando
soubermos.
Antofagasta
não é uma grande cidade, fica espremida entre o mar, de azul igual ao das
lagoas e de espuma branquinha, e parte das centenas de quilômetros do Deserto
do Atacama, que pode ser visto de quase todos os pontos da cidade e que,
diferentemente do que vemos nos filmes, é composto por terra seca, cor de terra
mesmo, onde nada nasce, e cuja monotonia é quebrada por cerros, céu azul e diferentes
tons da terra.
Antofagasta
não é uma cidade especialmente bonita, para falar a verdade tem poucos
atrativos, a população não parece muito amistosa e tem muito cachorrinho
vivendo na rua (odiei). O primeiro, sem qualquer dúvida é o mar azul, nosso
hotel está em frente a ele. A Praça Colon é linda, pencas de primaveras
coloridas, coreto, caramanchões, palmeiras e muitos bancos, trabalho precioso
em clima tão árido. Tem um calçadão de 7km a beira mar e um Balneário
Municipal.
La
Portada, 16k a noroeste, é um enorme portal de rocha dentro, do mar, com 43m de
altura e 70m de largura. Localizada em uma praia rochosa com enormes paredões
de areia desgastados pela erosão.
Resolvemos
passar o Ano Novo no hotel, que parece nosso, está vazio, talvez a população
prefira cidades menores, já que Antofagasta é capital da província e figura
entre as maiores do país, embora não seja lá tão grande. Afinal, nossa enorme
varanda estava em frente ao Pacífico e próxima ao Balneário Municipal, onde
seria a queima de fogos. Fomos ao mercado, compramos vinho, mariscos, palta
para salada (é um abacate pequenino, muito gostoso em salada de frutos do mar),
azeitonas recheadas com amêndoas, salame, lingüiça defumada, queijo e mais um
montão de coisas gostosas.
O
Ano Novo chegou de forma muito agradável, entre um bom vinho chileno, petiscos
ainda melhores, agradável conversa com os amigos Silvia e Kresimir, meia hora
de fogos e um capuccino para encerrar a noite.
Esquecemos
de contar que quando chegávamos a Antofagasta, encontramos alguns brasileiros
e, conversa vai, conversa vem, nos contaram que a cidade não era muito interessante,
mas que não poderíamos deixar de dar uma esticadinha (400km) a um local muito
legal, que unia beleza natural e compras. Como bem sabe o Caro Amigo, não
podemos ouvir Ave Maria sem rezar, então, a despeito da opinião dos clientes da
CRKTour (afinal somos os donos para que?), resolvemos seguir o conselho, mudar
novamente o roteiro original da viagem e
dar um pulinho até... hora do café e de partir, contamos depois.
Beijos,
Sayo
e Claudio
PS
– A Corrida Dakar, antiga Paris-Dakar, partirá de Antofagasta, dia 10/01/10, e
percorrerá o Deserto do Atacama, já estamos pensando em ficar pó aqui para
participar (ah, ah, ah!).
Iquique, 02 de janeiro de 2010.
Caro
Amigo,
Você
nunca ouviu falar de Iquique? Nem nós! Mas acontece que um pessoal de Curitiba,
que encontramos quando chegávamos a Antofagasta, nos deu a indicação de lindas
praias e boas compras, nos pareceu o mapa das Minas do Rei Salomão, então
seguimos mais 400km.
Iquique
também fica na beira do Pacífico. A estrada corre entre mar e deserto, um
grande contraste. De um lado o mar azul marinho derrama suas águas em pequenas
baias, penínsulas, rochas escuras, às vezes brancas, penhascos, produzindo uma
espuma branquinha e piscinas naturais. Do outro, terra, pedras, montanhas,
cânions, desfiladeiros, cerros, mas tudo de pura terra ou da cor dela, nenhuma
árvore ou sobra de coisa vivente.
De quando em quando, uma minúscula presença humana, oito ou dez casas, que madeira, quase barracos, de mineiros ou coletores de alga, por vezes já abandonadas, ou algum estranho cemitério.
Aqui e ali, algum campista resolve fincar bandeira e desafiar a força das águas e aridez do deserto. Muito lindo.
De quando em quando, uma minúscula presença humana, oito ou dez casas, que madeira, quase barracos, de mineiros ou coletores de alga, por vezes já abandonadas, ou algum estranho cemitério.
Aqui e ali, algum campista resolve fincar bandeira e desafiar a força das águas e aridez do deserto. Muito lindo.
Já
a cidade é totalmente diferente do que encontramos até então. A orla é super
urbanizada, com altos e modernos edifícios, um enorme calçadão com balneários,
praças com palmeiras e cactos, parque temáticos, parques infantis, cassino,
quiosques, areia, água azul e fria.
A
parte antiga da cidade, em torno da Praça Prat, é algo bastante divertido, com
suas construções do século XIX.
Os edifícios e casas são completamente de madeira, uns pintados e outros em cor natural, bem ao estilo faroeste, compridos alpendres com pequenas colunas torneadas de madeira, de onde, a qualquer instante, surgiram mocinhos, com suas armas em punho, a procura de algum malvado e feio bandido.
Na praça, dois pequenos bondes e as coberturas de ferro dos bancos lembram a época das diligências puxadas por cavalos; uma interessante torre de relógio; artesãos, músicos e hippies.
Os edifícios e casas são completamente de madeira, uns pintados e outros em cor natural, bem ao estilo faroeste, compridos alpendres com pequenas colunas torneadas de madeira, de onde, a qualquer instante, surgiram mocinhos, com suas armas em punho, a procura de algum malvado e feio bandido.
Na praça, dois pequenos bondes e as coberturas de ferro dos bancos lembram a época das diligências puxadas por cavalos; uma interessante torre de relógio; artesãos, músicos e hippies.
Quanto
às compras, O Zofri são mais de 400 lojas, que vendem mais ou menos as mesmas
coisas que o Paraguai, porém é uma coisa bem organizada, um enorme shopping,
com estacionamento, praça de alimentação e segurança. Realmente muito agradável
para fazer compras baratas de maneira cômoda, longe do forte calor. Porém é
conveniente ir pela manhã, pois no período da tarde fica lotado. Para que as
coisas não passagem em brancas nuvens, fomos obrigados a fazer umas comprinhas.
O
Chile tem uma variedade bem maior de frutos do mar que o Brasil. Umas coisas de
cores muito estranhas, como preto, coral e roxo; de formas também muito mais
estranhas; e de nomes mais estranhos ainda, almejas, chollos, nachas, locros.
Provamos todos, mas não conseguimos matar nossa vontade de comer polvo, em
todos os restaurantes que fomos havia acabado.
Hora
de iniciar a viagem de volta. Uma paradinha para visitar o Salitre Santiago Humberstone,
declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, uma importante e imponente
cidade que nasceu para abrigar os trabalhadores de uma fabrica de extração e
beneficiamento de salitre. Hoje uma cidade de faroeste fantasma.
Também
procurávamos por termas, onde nos refrescaríamos das agruras do deserto, fomos
a Mamiña, Matilla e Pica e só o que podemos dizer é que a última, embora no
meio do deserto, tem grandes pomares de laranja e manga, mais ou menos o que
fizeram em Israel; mas, na dúvida, melhor riscá-las de seu mapa e jamais, em
tempo algum, Caríssimo Amigo, aceite qualquer convite para visitá-las.
Às
4 da tarde, cansados e com fome, pois não encontramos onde fazer nosso picnic,
seguimos os mais de 300km que nos separavam de Calama, onde pretendíamos dormir
para, na manhã seguinte, bem cedo, partirmos de volta à Argentina, cerca de 700
km atravessando a Cordilheira dos Andes novamente. Boa noite!’
Beijos,
Sayo
e Claudio
PS-
Este ano o Chile comemora seus 200 anos de Independência.
Cafayate, 07
de janeiro de 2010.
Caro Amigo,
Dormimos em
Calama, em um hotel perto da praça principal da cidade, que não tem muitos
atrativos, porém nosso hotel fez valer a pena a paradinha. Um casarão de
madeira, estilo faroeste, muito bem conservado, com mobília da família e muitas
fotos, um pátio interno decorado com cactos.
Como bem pode
ver o Caro Amigo, viemos parar em Cafayate, um pouco ao Sul de Salta,
Argentina, mas ainda na mesma província, mas não sem antes sofrermos mais de
quatro horas de imigração e aduana, metade na fronteira do Chile, outra
na da Argentina.
É inconcebível que países ainda mantenham situação tão precária em suas fronteiras: filas intermináveis em baixo de sol e chuva, sem banheiro, nenhum cartaz de explicação ou qualquer pessoa que pudesse dar alguma informação. E o resultando foi uma insatisfação geral, quase um motim, “buzinaço”, como os argentinos são muito contestadores, para nossa sorte, os empregados tiveram um pouco mais de presteza no atendimento. Mesmo assim, foram mais de quatro horas.
É inconcebível que países ainda mantenham situação tão precária em suas fronteiras: filas intermináveis em baixo de sol e chuva, sem banheiro, nenhum cartaz de explicação ou qualquer pessoa que pudesse dar alguma informação. E o resultando foi uma insatisfação geral, quase um motim, “buzinaço”, como os argentinos são muito contestadores, para nossa sorte, os empregados tiveram um pouco mais de presteza no atendimento. Mesmo assim, foram mais de quatro horas.
Então nossos
planos de fazer o trajeto de Calama até Cafayate, cerca de 1.000 Km, no mesmo
dia foi por água a baixo, dormimos uma noite em Salta, onde deixamos Silvia e
Kresimir, ele seguiu para Croacia e ela, no dia seguinte, nos reencontrou em
Cafayate.
A cidade é badaladíssima, tem turista para todo lado, muitas
pousadas, porém a maioria com quartos muito pequenos, campings, bons
restaurantes, milhões de lojinhas, uma linda praça com uma igreja estilo
colonial espanhol.
Mas são duas
as coisas que realmente atraem os turistas para esse paraíso, as estradas
turísticas, entre elas a Ruta 68, que vai a Salta, que fizemos no início da
viagem, e a Ruta 40, no trecho até San Antonio de los Cobres (a cidade do
viaduto). Dizem que a segunda, no trecho de Cachi a San Antonio de los Cobre
está em péssimo estado, como tem chovido muito na região e já temos
antecedentes criminais, resolvemos fazer somente a primeira parte dela, que
também está terrível, pois é de terra, cheia de costelas de vaca.
Tudo isso
vale a pena porque ela passa literalmente no meio de várias quebradas, a das
Flechas é a principal, é possível descer do carro e colocar a mãos e perceber
que é algo como areia, mas ligada por alguma substância, que não a faz perder
as propriedades de textura, mas a torna mais compacta.
São formações incríveis em forma e tamanho e, entre elas, um minúsculo povoado, quatro ou cinco casas, de adobe róseo, com enormes colunas circulares na frente; algumas casas abandonadas, provavelmente na época do terremoto que assolou a região; e sempre uma pequenina, recém pintada, em geral de branco, e bem cuidada igrejinha.
Vegetação quase não há, exceto de alguma grande fazenda em estilo colonial espanhol. Voltar para casa, no final da tarde, assistindo o pôr-do-sol, deixamos ao encargo do Caro Amigo imaginar o que é.
São formações incríveis em forma e tamanho e, entre elas, um minúsculo povoado, quatro ou cinco casas, de adobe róseo, com enormes colunas circulares na frente; algumas casas abandonadas, provavelmente na época do terremoto que assolou a região; e sempre uma pequenina, recém pintada, em geral de branco, e bem cuidada igrejinha.
Vegetação quase não há, exceto de alguma grande fazenda em estilo colonial espanhol. Voltar para casa, no final da tarde, assistindo o pôr-do-sol, deixamos ao encargo do Caro Amigo imaginar o que é.
A outra coisa
que atrai os turistas a Cafayate são as lindas bodegas, enormes casarões de
fazenda, com seus pátios internos repletos de flores, suas pesadas vigas de
madeira e balcões; em meio a infinitos parreirais.
Dá para ficar um mês e cada dia provar vinho em umas das bodegas. Há vinhos tintos, brancos e roses, das mais diversas uvas Tanat, Carmeniere, Cabernet Savignon, Malbec, Merlot etc.
Mas o mais interessante (ou será delicioso?) é que são os únicos produtores de
uma uva de sabor único, cultivada a 1.660 m de altitude, que produz um
delicioso vinho branco chamado Torrontés, que lembra o sabor do vinho produzido
em Tokaj, na Hungria, que visitamos em julho/09, são produzidos vinhos com
diferentes teores de açúcar, dependendo do grau de maturação em que a uva é
colhida.
Temos que confessar que compramos algumas muitas garrafas do tal vinho, não diremos quantas porque o pessoal da alfândega pode querer passar lá em casa e confiscar algumas (ah, ah, ah!); mas o Caro Amigo está convidado a ir até lá e experimentar um pouquinho, junto com um queijinho de cabra e uns mariscos enlatados que também trouxemos (ah, ah, ah!).
Dá para ficar um mês e cada dia provar vinho em umas das bodegas. Há vinhos tintos, brancos e roses, das mais diversas uvas Tanat, Carmeniere, Cabernet Savignon, Malbec, Merlot etc.
Temos que confessar que compramos algumas muitas garrafas do tal vinho, não diremos quantas porque o pessoal da alfândega pode querer passar lá em casa e confiscar algumas (ah, ah, ah!); mas o Caro Amigo está convidado a ir até lá e experimentar um pouquinho, junto com um queijinho de cabra e uns mariscos enlatados que também trouxemos (ah, ah, ah!).
Comemorei meu
aniversário (Sayo) entre essas lindas paisagens e deliciosos vinhos, adivinhe
quantas primaveras?... Mas isso acho que não vou contar depois não.
Beijos,
Sayo e
Claudio
Resistência,
08 de janeiro de 2010.
Caro Amigo,
Com pesar informamos
que, em virtude da escassez de tempo, tivemos que iniciar a viagem de volta ao
lar, portanto San Miguel de Tucuman, Santiago Del Estero, San Fernando Del
Valle de Catamarca e outras coisinhas mais ficarão para a próxima viagem a
Argentina. Mas não se preocupe, Caro Amigo, reservamos um tempinho, e um
lugarzinho no carro, para as comprinhas básicas no Paraguai.
Saímos de
Cafayate cedo, tínhamos que rodar mais de 1.000km para dormir em Resistência.
Descemos no sentido de San Miguel de Tucuman, uma serra terrível para quem tem
pressa (nosso caso), mais maravilhosa para que quem curtir as férias (teremos
que voltar para conferir), a paisagem mudou drasticamente, da aridez para a
vegetação exuberante, cortada por rios, cidades elegantes, algo que faz lembrar
Campos do Jordão em sofisticação.
O restante do percurso foi tranqüilo, embora as estradas não estejam muito boas.
O restante do percurso foi tranqüilo, embora as estradas não estejam muito boas.
Chegamos
a Resistência quase nove da noite, mortos de fome, mas tranqüilos porque já
tínhamos reserva naquele hotel agradável, que contamos no início da viagem.
Para
matar a fome, arriscamos novamente o Restaurante Don Abel (aquele do Bife de
Chorizo duro), estava lotado, ocupamos a última mesa vazia e a cada instante
chegava gente procurando uma mesa. Repeti o mesmo pedido, Bife de Chorizo com
Salsa Roquefort, que resultou um dos mais deliciosos que já comi, inesquecível,
dá água na boca lembrar.
Realmente o restaurante merece o título de melhor da cidade. Nossa comida de despedida da Argentina foi inesquecível, comemos até ficar tristes. Era o que pensávamos, mas que mudaria no dia seguinte.
Realmente o restaurante merece o título de melhor da cidade. Nossa comida de despedida da Argentina foi inesquecível, comemos até ficar tristes. Era o que pensávamos, mas que mudaria no dia seguinte.
Pela
manhã, últimas compras na Argentina, alguns alfajores, doces de leite, patê de
azeitonas, blusinhas. Despedimo-nos do dono do hotel, que também é o dono da
gráfica ao lado, e que já havia se tornado nosso amigo, já até arriscava
algumas palavras em português; e seguimos. Próxima parada: Foz do
Iguaçu/Brasil.
Não
sei se o Caro Amigo se lembra do Gauchito Gil, foi um soldado que desertou do exercito por
não querer matar seus irmãos, durante a guerra civil Argentina; para sobreviver
passou a roubar os ricos e dar aos pobres; antes de ser morto, pelos soldados,
alegou ser inocente e ter filhos, o que de nada adiantou; quando o soldado que
o matou chegou a sua casa encontrou seu filho enfermo, retornou ao local de
morte de Gauchito Gil, onde levantou uma cruz e pediu por seu filho, que foi
salvo; pouco depois de sua morte chegam ordens informando que ele era inocente .
Atualmente, ele é um santo popular muito querido em todo o país; nas estradas,
são colocadas capelinhas vermelhas, dos mais diversos tamanhos, repletas de
bandeiras da mesma cor, velas e imagens do Gauchito Gil, que lembra a figura de
um gaucho do sul do Brasil, que tem um lenço vermelho no pescoço.
No
caminho para Resistência, dia 07/01, notamos que algumas casas, que estavam ao
longo da estrada, estavam enfeitadas com bandeiras e bexigas vermelhas; e que
algumas pessoas limpavam capelinhas do Gauchito Gil. Quando chegávamos ao
hotel, uma romaria de cavaleiros e carroças, trazendo bandeiras vermelhas,
atravessava a avenida. Esquecemos de perguntar ao pessoal do hotel o que estava
acontecendo.
Às
13:00 horas, estávamos na Ruta 12, em direção a Foz, e observávamos que
diversas casas se encontravam em festa, muitas pessoas reunidas para o almoço,
muitas bandeiras vermelhas e capelinhas do Gauchito Gil muito bem decoradas e
limpas. Num determinado momento Claudio não resistiu, parou o carro e disse que
ia tirar umas fotos e perguntar o que estava acontecendo, não teve o menor
pudor em atrapalhar o almoço do pessoal, numa enorme mesa posta ao lado da
casa, embaixo de árvores, a poucos metros da estrada. Uma senhora, muito
gentil, o acompanhou até a capelinha e... Já escrevemos muito por hoje, achamos
que o Caro Amigo está cansado de ler, contamos depois.
Beijos,
Sayo
e Claudio
Puerto
Iguazu, 10 de janeiro de 2010
Caro
Amigo,
Então
a gentil senhora acompanhou Claudio até a capelinha; disse-lhe que dia 08/01 é
o dia do Gauchito Gil e que seus devotos o comemoram com grandes festas;
deu-lhe um papel com os dados históricos do santo, que na verdade não é
canonizado, para ler. Silvia e eu, que pensava como ele era cara-de-pau
(garanto que o Caro Amigo que o conhece pensa o mesmo), observávamos tudo do
carro. Ela, então, animou-se a ir atrás dele e saber um pouco mais, afinal é
uruguaia e seu espanhol é, sem sobra de qualquer dúvida, muito superior ao
portunhol dele. Então volta Claudio, seguido por Silvia, saltitando de alegria,
com uma imagem do Gauchito Gil e um santinho de papel, com a oração, na mão.
Ganhou da senhora como lembrança. Que grande gentileza!
Resolvemos
retribuí-la, mas já não tínhamos nenhum guaraná do Brasil, então nos decidimos
por uma das milhares de garrafas de vinho que trazíamos. Claudio foi levar e
sai com a gentil senhora para os fundos da casa. O tempo passava e nada do
Claudio voltar. Nós, no carro, imaginávamos o que teria acontecido dessa vez.
Aí vem ele, dando cambalhotas de alegria, que com um enorme pedaço de costelas
e batatas doces assadas a um modo muito argentino, fogo no chão, pegando fogo,
envoltos em papel toalha. Parecia o Fred Flintstones agarrado a um enorme e
suculento osso. Depois há quem queira falar sobre os argentinos! Tudo mentira!
Eles são maravilhosos! E nós, que já sentíamos uma pontinha de fome, nos
apressamos em encontrar uma sombrinha para fazer nosso picnic. E como estava a
costela? Melhor que o Bife de Chorizo da noite anterior, despedida ainda melhor.
Rodamos
os cerca de 700km até a fronteira, mas na hora da despedida, não conseguimos,
como amamos a Argentina, resolvemos ficar mais um pouquinho e, ao invés de ir
para Foz do Iguaçu, resolvemos ficar em Puerto Iguazu, lado argentino da
fronteira. A cidade estava lotada de turistas, depois de muito procurar,
encontramos um hotel, em uma linda área verde, como um parque, com camping,
chalés, apartamentos, piscina; os quartos poderiam estar mais lindos e
arrumados, mas, ainda assim, o local era agradável.
Visitamos
as Cataratas do lado brasileiro, um bem organizado e bonito parque, que
comemora 71 anos, com quatis e seus bebes caminhando por todos os lados; as
cachoeiras, devido às chuvas, estavam exuberantes. No lado argentino, fomos a
La Aripuca, A Arapuca em português, nome que os índios guaranis dão a uma
armadilha para pequenos animais; um projeto ecológico, uma gigantesca arapuca,
feita com árvores centenárias, que tenda alertar a população para os perigos do
desmatamento indiscriminado para a utilização da terra para agricultura, para
plantação de erva mate e pinus, para as fábricas de papel. E principalmente,
muito principalmente mesmo, comemos mais um montão de Bifes de Chorizo.
A
ida ao Paraguai foi outra grande aventura. Ir de carro? Nem pensar! Há o risco
de não voltar você nem o carro e as filas para travessia são intermináveis. Ir
de lotação partindo do hotel? Ficaríamos presos a horário. Ir de ônibus de
linha regular? Além de ser complicado descobrir qual, com o calor que fazia,
dentro de um ônibus abafado, morreríamos sufocados pelo calor ou com o odor.
Então optamos por ir de carro até as proximidades da fronteira, na ponte,
deixá-lo em um estacionamento e seguir caminhando.
O
sol era abrasador e ainda havia o calor emitido pelos milhares de motores dos
carros e motos; buzinas e gritos para todos os lados; poeira; gente caminhando
para lá e para cá; gente descendo enormes fardos com corda para o rio, onde era
pego e passado para o Brasil, por trás do edifício da Receita Federal
Brasileira; gente abrindo, para revista, porta-malas, sacolas e bolsas;
policiais federais e agentes da receita federal. Uma verdadeira filial do
inferno, encontramos Judas, Hitler, ACM e mais um montão de anjinhos.
Ciudad
Del Leste, a cidade paraguaia da fronteira, outra filial do inferno, tem tudo
que já contamos acima e muito mais. A avenida virou um enorme camelódromo, onde
não transita carro, são cinco ou seis corredores de bugigangas, roupas de
origem duvidosa; para atravessá-la há que se encontrar uma pequena passagem em
meio àquela bagunça, e nem pense em olhar alguma coisa, o indivíduo gruda no
seu pé e só larga morto. Mas ainda tem os camelôs que caminham vendendo as
coisas, enfiam cuecas CK (Será?), meias Adidas (?), e sutiãs, não sei que marca, na sua cara, se
você piscar eles abrem sua bolsa, pegam o dinheiro e te devolvem o troco,
então, Caro Amigo, nem respire; dizem que eles têm até Pen-Drive de 1.000GB,
que já vem com suas fotos de viagem dentro, mas isso o Caro Amigo terá que vir
conferir sozinho. Ainda tem chinês, coreano, turco, árabe, provavelmente
paraguaio, lojas e lojinhas, galerias, magazines, que vendem tudo quando é
tranqueira, além de eletrônicos. É uma 25 de Março e arredores elevada à
centésima potência, mas sem o charmoso Mercado Municipal de São Paulo nas
proximidades, então você vai acabar tendo que comer um jesus-me-chama qualquer.
Não esqueça o problema dos trombadinhas.
Os
eletrônicos estavam com os preços bons, mas, teoricamente, em virtude do preço,
quase nada pode passar pela fronteira brasileira; não achamos que os preços das
outras coisas estivessem assim tão bons, mas mesmo assim, compramos mais um
montão de tranqueiras.
Seguimos
para dormir em Curitiba, um delicioso jantar Scavollo (não deixe de passar
quando estiver por lá, vale a pena) antes de voltar para casa.
Beijos,
Sayo
e Claudio
PS
- Segue a oração:
Oración AL Gauchito Gil
!Oh!
!Gauchuti Gil!...
Te
pido humildemente se cumpla por tu intermédio ante Dios el milagro que te pido
y te prometo que cumpliré mi pomessa, y ante Dios te haré ver y te brindaré mi
fiel agradecimiento y demonstracion de fé en Dios y en vos, Gauchito Gil.
Amén
Santos,
12 de janeiro de 2010.
Caro
Amigo,
Na
pequena cidade de Tilcara,no norte da Argentina, no pequeno restaurante de um
cantor nativo do local, ......, que hoje divulga sua música em Paris, onde vive
parte do ano; entre músicas e conversas, ele nos disse que esperava que sua
música fosse a real expressão da cultura de seu povo e não uma caricatura.
E
o que é uma caricatura? É uma imitação da realidade, na qual se enfatiza
qualidades ou defeitos, para torná-la mais ou menos agradável, divertida, e
que, como imitação que é, não é a verdade.
Então,
quando ele procurava não fazer de sua música uma caricatura, pensamos que, na
verdade, buscava mostrá-la simplesmente como ela é, sem máscara, e não algo que
somente busque agradar os ouvidos de quem ouve e caminhe longe da realidade. E
com isso viemos ....cismando...... pelo
caminho, pensando na.vida. e sobre o que
ela tem de melhor: ela mesma. E não parte dela ou uma caricatura dela.
Todos
sabem que a vida é muito mais que um trabalho, uma viagem, uma festa, um
evento, um momento. Nós mesmos somos muito mais que uma simples parte de nosso
corpo; somos o todo, não uma de suas partes. Não podemos, nem devemos, resumir
nosso todo a uma parte e nossa vida a uma ocorrência, sob pena de fazer de nós
mesmos uma caricatura reduzida da divindade que somos. Nossa grandiosidade está
em nossa mente e em nosso coração.
Uma
vez disse Mario Covas que se Deus nos deu o principal, não podemos reclamar dos
acessórios, se recebemos o dom da vida, todo o resto é acessório.
Tudo
que cultivamos e regamos cresce, está em nós decidir o que crescerá.
Na viagem também tivemos o imenso prazer de
reencontrar velhos amigos, Silvia e Kresimir, e de fazer novos, como já lhe
contamos. E conhecer muitas outras pessoas admiráveis, que cruzaram o nosso
caminho e contribuíram para tornar nossas vidas ainda mais felizes.
Hasta la
vista!
Sayo e
Cláudio
PS
– Não fomos doidos de mergulhar nas Cataratas, mais não deixamos passar em
branco os Bifes de Chorizo e as comprinhas no Paraguai, fizemos até umas em
Iquique, sem falar nos vinhos. Quanto ao Papai Noel? Ele estava é preparando as
renas para o Dakar no Deserto do Atacama e mandou lembranças (ah, ah, ah!).
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