Caro Amigo,
Estávamos um pouco entediados..., quando, inesperadamente, ouvimos
falar que, lá para os lados da Terra do Meio (um dos lugares mais inóspitos do
Brasil, no meio da Floresta Amazônica, entre os rios Catete, Itacaiunas e
Tocantins), os Xikrins do Cateté, uma tribo a pouco contatada pelo homem branco
(para não dizer que somos racistas, pode ter sido pelo amarelo ou negro),
realizaria uma comemoração (isso está até parecendo um episódio do Senhor dos
Anéis).
Assim, em nossa constante ânsia pela VERDADE e JUSTIÇA, após longa
análise, concluímos que meticulosa investigação, “in locu”, deve ser iniciada
imediatamente, a fim de que não reste comprometido o futuro da humanidade e que
possamos alegrar um pouco nossa vida tão entediada. Portanto, e também com o
legítimo intuito de cumprirmos nossa honrosa, longa e árdua META (100.000 Km viajando, ah,
ah, ah!), resolvemos colocar, novamente, nossos pés na estrada, a partida
será amanhã, mal dá tempo de arrumar a mochila.
Infelizmente, a administradora, navegadora, escritora e mentora
intelectual (entre outras importantíssimas coisas) da CRKTour, Sayo, não
participará dessa expedição, afinal alguém nessa empresa tem que trabalhar.
Também, em virtude de dificuldades de comunicação, pois é muito longe para
mandar sinais de fumaça, não será possível enviar mensagens diária.
Vem com a gente!
Sayo e Claudio
Caro Amigo
Para que você, que irá nos acompanhar em nossa árdua
jornada até os confins da terra, não se perca da caravana, estamos mandando um
mapa, com o roteiro da expedição.
--------Aéreo São Paulo – Belém do Pará;
------- Terrestre em carro..
Imaginamos que a Cara Amiga já está arrancando
os cabelos, não foi ao cabeleireiro, a chapinha queimou, não fez depilação, não
comprou aquele lindo shortinho que está na moda, seu biquíni está velho, não
pediu uma mala de rodinhas emprestada etc. Que falta de educação convidar em
cima da hora! Calma!!! Nosso programa é, literalmente, de índio: dormir em rede
dentro de alguma oca; nada de luz elétrica; fogão de pedra com gravetos; banho
só de rio; nada de tijolo, asfalto, concreto ou cimento. O banheiro?... é no
matinho mesmo. Então, nada de se preocupar com a aparência, guarde isso para a
viagem da Europa (está chegando), passe a mão na primeira roupinha que
encontrar, não esqueça o chapéu, a havaiana e o protetor solar. A rede?
Compramos no caminho!
Avise os familiares, desligue o gás, regue plantas,
deixe o gato com o vizinho e as crianças na casa da vó (a viagem será
perigosa), prepare a pipoca, pegue uma Bohemia gelada (como já está esfriando,
talvez seja melhor um vinhozinho), escolha uma poltrona confortável, ligue o
computador e espere pacientemente, quando der mandamos notícias (ah, ah, ah!).
VEM COM A GENTE!
Sayo e Claudio
O POVO XIKRIN DO CATETÉ
Com a entrada de caucheiros e castanheiros, iniciaram-se as hostilidades, que culminaram com um massacre de 180 indígenas, em 1930. Os Xikrin mudaram-se, então, para os arredores do rio Bacajá e as cabeceiras do rio Itacaiúnas. Mas como essa área também era rica em castanheiras, em breve ocorreram novos choques, o que obrigou os indígenas a retornarem ao rio Cateté. A partir de 1966, os padres dominicanos Frei Gil Gomes Leitão e Frei José Caron passaram a viver entre os Xikrin, dando assistência médica e orientação sobre formas de sobrevivência econômica.
A área ocupada pelos Xikrin passou a ser invadida por madeireiras, a partir de 1977. Como nessa época a área já estava delimitada e demarcada, pertencendo legalmente aos indígenas, houve processo judicial para a retirada dos invasores. Em
Apesar das violências sofridas, os Xikrin conseguem, hoje, manter as tradições, o emprego da língua Kaiapó e o respeito pela natureza.
AGRICULTURA
"Apenas o chefe, Bemoti, tem uma roça que leva seu nome. A roça de Bemoti não se caracteriza tão somente como sendo propriedade do chefe da aldeia. Serve também á formação dos jovens mebengodju e meprinti (meninos de seis a oito ou dez anos, e meninas antes do casamento); é lá que, quando reunidos informalmente, recebem as instruções pacientes de Bemoti e aprendem, sob o olhar vigilante de sua esposa Nhiok-pú, os rudimentos da agricultura: como limpar, onde plantar, qual o tamanho dos buracos a cavar e a distância entre eles, como colocar no chão a maniva e quantos grãos de milho ou sementes de abóbora devem ser enterrados a cada vez. Mais tarde, quando começam a brotar os primeiros rebentos, cada um é convidado, durante o alegre passeio à roça, a reconhecer o que ele mesmo plantou, a admirar o tamanho e a cor das folhas e a retirar insetos ou ervas daninhas". (VIDAL, 1977, p.77 e 79).
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