Santos, 29 de junho
de 2008.
Caro Amigo,
Ouvimos dizer que a República Tcheca ocupa o primeiro
lugar mundial em consumo de cerveja, pois
produzem as melhores do mundo, não só pela qualidade de seu lúpulo e de
sua água, mas também porque são os inventores da divina bebida.
Assim, em
nossa constante ânsia pela VERDADE e JUSTIÇA, após longa análise, concluímos
que meticulosa investigação “in locu” deve ser iniciada imediatamente, a fim de
que não reste comprometido o futuro da humanidade. Portanto, e também com o
legítimo intuito de cumprirmos nossa honrosa, longa e árdua META (100.000 Km
viajando, ah, ah, ah)(na verdade também andamos pensando em beber uns 100.000
copos de cerveja), resolvemos colocar, novamente, nossos pés na estrada.
Venha com a gente!
Sayo e Claudio
Santos, 03 de
julho de 2008
Caro Amigo,
Para que você,
que irá nos acompanhar em nossa árdua jornada até os confins da terra, não se
perca da caravana, estamos mandando um mapa, com o roteiro da expedição.
...................Rota preta, vôo transcontinental América-Europa
................. Rota vermelha, vôo dentro
do continente europeu
.................Rota branca, trajeto
terrestre em carro (Renault Clio III)
Compre seu
bilhete, faça as malas (não esqueça o protetor solar e o Engov, vai ter muita
cerveja), pegue o passaporte, avise os familiares, desligue o gás, regue
plantas, deixe o gato com o vizinho,
prepare a pipoca, pegue uma Bohemia gelada (pode ser Brahma ou Antártica),
escolha uma poltrona confortável, ligue o computador e VEM
COM A GENTE!
Aproveite para
nos enviar alguma dica para tornar nossa viagem mais interessante. Talvez
alguma cidadezinha, que já visitou e achou incrível; um restaurante, que viu em
alguma revista de turismo; um lugar que você gostaria de conhecer, mas ainda
não teve tempo; ou mesmo o endereço de
uma avozinha húngara, que faz pães e geléias deliciosos, teremos imenso
prazer em visitá-los e contar tudo, nos mais mínimos e prazerosos detalhes.
Você, que já
nos acompanha por várias viagens, deve estar se perguntando: Por que voltar à
Normandia? Inclusive deve estar pensando: vou mudar de agência de viagens,
afinal não tem sentido gastar um dinheirão repetindo viagem, quando ainda tenho
o mundo inteiro para conhecer!
Muita calma
nessa hora! Estamos quase de férias, deixe o estresse para quem vai ficar
cumprindo mandado, agüentando os turistas que encherão a cidade, tomando ônibus
lotado, aturando cliente chato, dormindo em fila de banco, sofrendo com o frio.
Lembre-se que é verão na Europa, as malas estão prontas e nós vamos explicar
direitinho o motivo de voltar a Rouen (cidade onde Joana D’Arc foi queimada).
Com certeza você nos dará toda razão.
Acontece que,
no ano de 2006, nosso caríssimo amigo Gonzalo (argentino), que hoje vive na
Áustria, com sua digníssima esposa, Marcela (brasileira), mandou-nos um
importante e-mail, no qual nos pedia que ... bem, mas é quinta-feira à noite,
hora de ver A Grande Família e ainda tem
um grão de bico com lingüiça para o jantar, e até uma tacinha de vinho,
programa imperdível, afinal nem só de viagens vive o homem, contamos o resto depois.
Beijos,
Sayo e
Claudio
Santos, 05 de
julho de 2008
Então Gonzalo,
em seu e-mail, nos falava de um novo amigo, Roberto (mexicano), que fazia parte
da tripulação do Cuauhtémoc, um navio escola mexicano, que fazia um cruzeiro de
instrução, Circunavegação-2006, devendo, em poucos dias, chegar à cidade de
Santos. Pedia ele, então, que, dentro de nossas possibilidades,
recepcionássemos Roberto.
Como todos
sabem, adoramos o trabalho de guias turísticos, mais que depressa fomos
procurar Roberto, que nos apresentou um outro amigo Gonzalo (mexicano).
Divertimo-nos
muito, por vários dias percorremos os pontos turísticos da região,
principalmente os botecos; trocamos presentes; comemos feijoada; discutimos
qual pimenta é melhor, mexicana ou brasileira; tomamos muita caipirinha e
tequila, e, entre um copo e outro, descobrimos que, provavelmente, estaríamos
os quatro na França em julho/08.
Fizemos,
então, um pacto, daqueles que as pessoas normais dificilmente cumprem, mas que
nós, quatro doidos, cumpriremos: vamos nos encontrar na Festa da Armada, em
Rouen/2008.
A Festa é
sensacional, já tivemos o prazer de participar dela em nossa outra visita à
cidade, ela ocorre a cada 4 anos. Navios escola de diversos países ancoram em
um calçadão à beira do Rio Sena, praticamente no centro da cidade e apresentam
comidas, bebidas, artesanato, músicas e danças folclóricas de seu país. Há
visitação aos navios, fogos- de- artifício, compra de souvenirs.
É diversão
garantida e, especialmente neste ano, certeza de encontrar sorrisos conhecidos
e abraços amigos.
O navio de
nossos amigos partiu do México em abril e chegou hoje a Rouen. No decorrer da
viagem, eles nos mandaram vários e-mails contando onde estavam. Agora, já estão
nos aguardando ansiosos, certamente com uma boa garrafa de tequila para
brindarmos nosso reencontro. Nós também levamos umas garrafas de aguardente (pinga
no popular), CDs de chorinho e bossa nova, bombons Garoto, café e, lógico, bonés do Santos F.C..
Imperdível,
não é???? O que você acha agora de voltar à Rouen com a gente???? Temos certeza
que está doidinho para chegar lá!!
Então, pés na
estrada !
Beijos,
Sayo e Cláudio
Lisieux, 09 de
julho de 2008
Caro Amigo,
“Coisas de
Turista”
Tomam um
drink? Perguntou-nos a garçonete, logo que nos sentamos.
Como não
havíamos respondido, perguntou-nos novamente, respondi algo confuso, em inglês,
que queria significar que ainda não sabíamos nem o que comeríamos, quanto mais o que beberíamos.
Ela parecia
uma daquelas estudantes que , nas férias de verão, arrumam um trabalho
temporária, para ganhar algum dinheiro.
Então surgiu
outra garçonete que, em inglês, tentava nos explicar o que era um drink. Ora,
parece que não conhece brasileiro, querer explicar o que um drink, não só
sabemos o que é drink, mas também o que é aperitivo, mé, branquinha, digestivo,
caninha, lavrado, trago etc. Já estávamos a fim de mudar de restaurante, mas
acabamos respondendo um redondo não, porém com um lindo sorriso, porque
queríamos um pouco de sossego para, calmamente, decifrarmos o cardápio.
Escolhemos um
vinho de Rhone, um marisco à Camambet e outro à Livarot, são dois queijos da
região, o primeiro o caro amigo já conhece, aquele branco, meio mole, com uma
casca estranha e um cheiro mais estanho ainda; o segundo na mesma linha, mas
com um sabor mais forte.
Enquanto
aguardávamos tranqüilamente nosso pedido, notamos que a todo cliente que chegava, era servida uma taça de
Champagne. Bem, então o tal drink, nada mais era que uma taça de Champagne,
servida graciosamente, ao cliente que “queria”, como sinal da boa hospitalidade
francesa. E nós aprendemos mais uma! Quem sabe da próxima tenhamos um pouco
mais de paciência e desfrutemos de mais um dos prazeres da vida.
Estávamos em
Lisieux, já havíamos nos hospedado, dado uma voltinha pela cidade, que, após as
19:00 horas, mais parecia uma cidade fantasma, não se via viva alma na rua. Um
verdadeiro desperdício, pois ela é um brinquinho, limpa, cheia de vasos
pendurados em postes, rotatórias com lindos e bem cuidados jardins, que
homenageiam dança e música, além da presença constante de Santa Teresinha do
Menino Jesus, quer na Basília, que no Convento das Carmelitas ou em estátuas e
cartazes espalhados por todos os lados.
Amanhã iremos
à missa, já está tarde, estamos morrendo de sono.
Beijos,
Sayo e Claudio
Rouen, 10 de julho de 2008.
Caro amigo,
Quando, um mês
antes da viagem, tentamos reservar hotel em Rouen, onde encontraríamos os
amigos mexicanos, já não havia lugar; imaginamos, então, que a Festa da Armada
havia crescido desde que a visitamos, em 2003, porém não tínhamos a real noção
do quanto. Agora são mais de 50 veleiros; já restaurantes, lojinhas, quiosques
e outros serviços, não dá para contar. Tem comida, bebida e lembrancinhas de
vários países e tem gente, criança e cachorro do mundo todo e por tudo quanto é
lado. Cada bairro estava dedicado a um dos países, cujos veleiros estavam na
festa, então as lojas e restaurantes traziam bandeiras e decorações do país que
representavam.
Todas as
noites, às 11:30, que é quanto a noite realmente cai agora no verão, acontece a
queima de fogos de artifício, assisti-los desde uma das pontes, vendo os
veleiros iluminados, refletindo no Sena, e um pipocar de cores e luzes, dos
mais diferentes modelos, que clareiam o Céu , realmente , imperdível.
O veleiro
mexicano Cuautehmoc, onde estão Roberto e Gonzalo, é, com certeza, o mais
bonito, o mais alegre, o melhor decorado, o melhor iluminado, o que tem a
tripulação mais gentil. E não pensem que estamos puxando a sardinha para nossos
amigos, só ontem, apesar da chuva, receberam mais de 24.000 visitantes, que
compartilham da nossa opinião.
Passamos um
dia muito alegre juntos, apesar do frio e da chuva, fomos até Honfleur, uma
pequena cidade na beira do mar, na costa da Normandia, onde houve o desembarque
no Dia D. Longe de lembrar os tristes dias de guerra, a cidade hoje é um sonho.
Sua pequena baia, com veleiros coloridos ancorados, é circundada por charmosos
restaurantes com grandes guarda-sóis (que serviram de guarda chuva), mesas na
calçada e muita gente comendo, bebendo e sorrindo.
É cheia de
lojinhas e doçarias, umas coladinhas nas outras, com vitrines coloridas e muito
bem arrumadas, cheias de caixinhas de músicas, vasinhos de flores,
chaleirinhas, docinhos, tortinhas, coisas que talvez jamais compremos, mais que
enchem os olhos de prazer e o coração de desejos. Metade da população parece
que se dedica a pintura, por todos os lados existem pequenas galerias, com suas
vitrines cheias de telas de marinas, impressionistas, jardins, mulheres com
vestidos esvoaçantes e crianças vestidas de marinheiro, onde também não faltam
cores. A verdade é que mais parece uma
cidadezinha de brinquedo, daquelas que somente vemos nos livros infantis.
Caminhamos por
Honfleur, tomamos uma cerveja, falamos do que andamos fazendo desde que nos
vimos pela última vez, em 2006, de nossos sonhos e planos para o futuro, rimos
muito. Jantamos em Rouen, em um restaurante mexicano, uma comida, lógico excelente.
No dia seguinte, pela manhã, nos despedimos e já agendamos um novo encontro:
Rio de Janeiro/2010, em um encontro de velas.
As “auto-estradas” da França são boas e
permitem que se chegue muito rápido ao destino, porém além de pedagiadas,
passam fora das cidades e, portanto, se perde muito do melhor da viagem. Voltamos a Paris pela RN-15, uma estrada
melhor, que vai serpenteando com o rio Sena, e passa por pequenas cidades
medievais, castelos. Em uma delas encontrei um dos grandes prazeres da vida,
uma lojinha de chocolates Leônidas, é belga e, em nossa modesta opinião, o
melhor do mundo.
Fizemos um
pic-nic em uma simpática pracinha, de tinha uma visão panorâmica para diversas
curvas do rio Sena, campos de trigo e milho e pequenas vilas e chegamos a Paris
no começo da noite.
Nos falamos
depois, porque amanhã é sábado, dia do Jantar Brasileiro, e há um ritual, que
cumprimos todos os anos e começa ... contamos na próxima.
Beijos,
Sayo e Cláudio
Saarbrücken,
14 de julho de 2008.
Caro Amigo,
Como todos os
anos, o dia do jantar do Jantar Brasileiro, na casa dos amigos Paul e Olga,
começa com um café da manhã no jardim e a preparação da lista de compras.
Na feira do
sábado, onde fazemos as compras, já somos bem conhecidos, começamos na banca do
queijo, a dona, uma senhora gordinha, com o cabelo bem arrumado e pintura no
rosto, que só fala francês, é muito
engraçada, faz piada de tudo e umas caras que, mesmo não sabendo o que ela está
falando, dá vontade de ir, diz que lembra da gente e espera ver-nos novamente no ano que vem.
Fátima é a
portuguesa da banca de peixe, muito atenciosa, conta-nos que passará férias em
Portugal e, claro, também lembra da gente. Fica muito emocionada ao ganhar um
chaveirinho do Brasil. Tem também o português da banca de couve, que vende até
feijão para a feijoada; o rapaz da banca do coentro e muitas outras caras conhecidas.
A tarde passa
entre a discussão sobre onde serviremos o jantar, no jardim, se não chover (o que
nunca se sabe, pois o tempo muda de meia em meia hora) ou na sala, e os
preparativos dele, que este ano foi arroz de carreteiro, feijão e farofa, sem
esquecer a caipirinha e um caldinho de feijão de entrada. A sobremesa foi doce
de leite , doce de coco e bombom Garoto.
Aos poucos,
vão chegando os amigos, Natacha (filha da Olga) e Vicente, seu marido, muitos
abraços, beijos, troca de presentes e novidades para contar. Depois chega
Rosário (espanhola) e Pepe, seu marido, abraços, beijos e novidades. Assim
também chegam Catherine, Francisco, Tician e os demais amigos, e começa tudo de
novo. E a noite termina com muita comida, bebida, doce, música e alegria.
Ir a Paris e
não caminhar na beira do Sena, observando as antigas banquinhas que vende
livros usados, postais e fotos antigas, é o mesmo que ir a Roma e não ver o
Papa. Dedicamos nosso domingo a caminhar pela cidade; fomos à Igreja de Nossa
Senhora da Medalha Milagrosa, à Conciergerie (antiga prisão, onde esteve Maria
Antonieta, Robespierre, André Chénier e
muitos outros franceses famosos), à Igreja de Notre Dame, caminhamos por
jardins e floriculturas, comemos um crepe na rua.
A Torre Eiffel
está mais linda de nunca, se é que é possível. Como o presidente francês no
momento exerce o cargo de presidente a comunidade européia, ela está iluminada
de azul e tem um circulo com as doze estrelas, síbolo da comunidade. A cada
hora pisca por dez minutos, é de parar o trânsito.
Mas chegou a
triste hora de deixar os amigos e Paris, temos metas a cumprir.
No caminho em
direção à República Tcheca, paramos na cidade de Verdun, uma recomendação de
Paul. Uma bela cidade, cuidada com esmero, que foi palco de uma das mais cruéis
batalhas da 1ª Guerra Mundial. Visitamos o Forte Veaux, que espelha os
terríveis sofrimentos dos soldados franceses até a sua rendição. Passamos por
trincheiras, pelo ossário, com ossos de 130.000 soldados desconhecidos e campos
com milhares cruzes, e, à frente de cada uma, um nome e uma pequena roseira
florida, é tão lindo quanto triste.
Chegamos à
Alemanha, já um pouco tarde, sem hotel e cansados, bateu aquele desânimo, então,
quando já nos preparávamos para sentar e chorar... mas estamos cansados
mesmo,amanhã o caminho é longo, contamos o resto depois.
Beijos,
Sayo e Cláudio
Karlovy Vary, 17
de julho de 2008.
Caro Amigo,
Então, quando
já nos preparávamos para sentar e chorar, encontramos, nos arredores de
Saarbrücken, um hotel muito agradável. Ele acabava de ser reformado, tinha
papel de parede em tons pastéis, lindas reproduções de quadros de
impressionistas, lindos lustres de cristal. A senhora que nos atendeu não
falava nada de inglês, mas era ótima em mímica, portanto foi muito fácil
hospedar-nos, em poucos minutos estávamos em um pequeno apartamento, com
cozinha, novinho, clarinho, com uma grande cama e travesseiros muito macios. Um
pouco caro, porém nem tudo é perfeito.
Tomamos um
banho e saímos para jantar. Encontramos um restaurante em uma pequena praça,
caía à tarde. Da nossa cadeira, na calçada, víamos um pequeno edifício branco,
com janelas e telhado verdes e jardineiras com gerânios cor-de-rosa. Atrás dele
via-se parte de uma igreja, com cúpula dourada e um grande relógio. A senhora
que nos atendeu era muito atenciosa, mas acreditamos que tenha visto poucos
turistas naquela parte isolada da cidade; Cláudio, muito atrevido, resolveu
perguntar o que era um tal prato, ela falou tanto, num muito bom alemão, e fez
tantos gestos, que até agora nos perguntamos se detalhava o prato e tecia
elogios a ele, ou se nos xingava, reclamava
que ninguém nunca pedia aquilo e que dava um trabalhão para fazer. Enfim
pedimos o tal, demorou um pouco, mas estava uma delícia, era uma carne de porco
fatiada, com um molho acridoce, fritas e salada, muito simples perto das
explicações.
Você já foi a
Karlovy Vary ? Já ouviu falar ou se quer sonhou em seus melhores pesadelos
? NÃO !!!! Você não sabe, nem se quer imagina, o que
está perdendo, prepare agora mesmo sua próxima lua-de-mel, faça as malas e
venha. Fica na República Tcheca, a 65km da Alemanha, e é uma das mais lindas
cidades que já vimos.
É o balneário
mais famoso da Bohemia, tem doze fontes medicinais, em meio a um bonito passeio
de colunas que une as fontes, são como enormes varandas brancas, onde os
trabalhos de ferro e madeira têm lindos formatos e lembram rendas e bordados;
dá para quase ver aquelas elegantes senhoras, nos idos dos 1800, com seus
vestidos rodados de organza, caminhando calmamente de braços dados com algum
garboso senhor, de bengala e cartola. Atualmente, a turma bebe água das fontes
em uma canequinha de porcelana especial, onde se bebe pela asa, não pela borda.
É gente bebendo água para todo lado, dizem que ela tem efeitos rejuvenescedores
e faz viver muitos anos (acho que volto para o Brasil com barriga d´água).
A cidade fica
no meio de bosques e em encostas, a arquitetura é uma maravilha, mistura estilo
imperial, neorrenascentista e arte noveau; sentimo-nos em meio a centenas de
castelos e lindos bolos de noiva, com muitas flores, anjos, guirlandas,
arabescos, colunas de mulheres semi-nuas, envoltas em véus muito leves e
esvoaçantes são edifícios, em geral, de
quatro ou cinco andares. Tudo colorido em tons pastéis, muito limpo e cheio de
flores.
E adivinhem o
que encontramos por aqui ? O Grand Hotel
Pupp, aquele maravilhoso do filme, que está no caderno de possibilidades. Nós
não nos hospedamos lá, mas, pelo menos, demos uma voltinha por lá.
Chegamos à
tarde, sem hotel e sem saber muito bem o que tinha de bom na cidade, imagine
nossa surpresa ao nos depararmos com uma orquestra tocando, no meio do passeio
do maravilhoso passeio de colunas, cercadas pelos lindos edifícios em forma de
bolos de casamento, um solzinho, bosques, um riozinho, acho de Deus, mais uma
vez, sorriu pra nós.
Em cinco
minutos, conseguimos, com ajuda do pessoal do centro de informações turísticas,
encontrar um apartamento muito agradável, na casa de uma família muito gentil,
o avó falava inglês e o neto espanhol, nadamos de braçada. Todos os dias,
quando traziam o café (pois, embora fosse um apartamento, com cozinha e tudo,
serviam o café da manhã), eles nos davam várias dicas do que conhecer.
Assistimos um
musical, no teatro Divadlo Karlovy Vary, Gypsies go to Heaven, uma lenda de amor
cigana, era em theco (que para nós é grego), legendado em russo. Embora não
tenhamos entendido exatamente o que diziam, adoramos, pois o teatro é pequeno,
mais muito luxuoso, todo branco, com estuques dorados, lindos candelabros e
lustres. A expressão dos atores era muito forte, as músicas tristes e as danças
lembravam o flamenco.
Fomos à Igreja
Ortodoxa São Pedro e São Paulo, de 1897, é branca, com cúpulas azul céu e
dourado, parece um palácio das mil e uma noites. Não possui imagens, lógico,
somente pinturas de santos, que tem colorido forte e muito dourado, dá a
impressão de muita riqueza.
Assim também
visitamos a cidade de Loket, uma cidade com uma linda paisagem, praticamente
uma ilha, em meio a um bosque e um rio, que nasceu à beira de um castelo
medieval, que tem uma celas de tortura de arrepiar, pois recriaram o local com
bonecos animados.
Becov Nap
Templou é uma minúscula, simpática e importante porque em seu pálacio guarda o
maravilhoso religário de São João Batista e São Mauro, todo feito em ouro e
pedras preciosas, no século XVII.
Mariánské
Lázné também é uma cidade balneária e também é uma formosura, é uma versão
menor da Karlov Vary. O passeio de colunas fina no meio de um imenso jardim e,
à tarde, também tem apresentação de orquestras. A igreja ortodoxa da cidade tem
um altar feito de cerâmica esmaltada riquíssimo, que participou da Expo 1900,
em Paris, a mesma para qual foi feita a Torre Eiffel, e recebeu premio especial.
Adivinhe o que
fizemos em Plzen? Uma dica: é uma das metas de nossa viagem...
Se você ainda
não adivinhou, vai ter que esperar a próxima.
Mil beijos,
Sayo e Claudio
Praha, 20 de
julho de 2008.
Caro Amigo,
Plzen é uma
cidade até bonitinha, mas o que realmente nos encantou foi a ida à cervejaria
Pilsner Urquell e lá, num enorme restaurante que existe em seu interior, provamos
todos os tipos de cerveja que fabricam, menos a sem álcool, não sobrou espaço.
Nossa chegada
à Praga foi um pouco tumultuada, a cidade é grande, não tem boa sinalização, os
hotéis mais baratos ficam longe do centro. Mas, finalmente, entramos em uma pequena
agência de viagens e conseguimos arrumar um apartamento a 10 minutos do Castelo
de Praga, melhor quase impossível.
Nossa
senhoria, Jitka, é simpaticíssima, fala inglês rápido como uma metralhadora,
tem a maior boa vontade para dar dicas da cidade e do país, empresta livros,
tem mil brochuras, é quase uma agência de viagens. Tem um pequeno edifício, de
três andares, mora no último e aluga apartamentos nos outros andares, no fundo
há um jardim e uma churrasqueira.
Nosso
apartamento era bem pequeno, mas super prático e agradável, tudo disposto de
forma inteligente de modo a facilitar a vida do hóspede. Ficava no andar
térreo, o que nos poupou o esforço de carregar mala escada à cima, pois, como
pode imaginar, já temos um montão.
Jitka ofereceu-nos sua lavanderia, caso tivéssemos
alguma roupa para lavar. Lá encontrei máquina de lavar, ferro, taboa, varais,
porém chamou minha atenção, carA amigA, o fato dela não ter tanque, nem se quer
qualquer torneira, o que torna impossível sucumbir à tentação de dar uma
esfregadinha naquela mancha, de colocar aquela roupa de molho ou coisa do
gênero. Isso é o que chamo de independência feminina, queimar sutiã na praça é
coisa do passado, muito romântico, mas muito pouco prático.
Mas deixemos de
filosofar e voltemos à Praga. Ela tem uma beleza arquitetônica inegável,
reflexo de seus tempos áureos, mantém bem preservados belos exemplos do
renascimento (jardins do Castelo), do barroco (quase todas as igrejas), art
noveau (Teatro Nacional e Casa Municipal, por exemplo). A maioria de seus
edifícios, em geral de 4 ou 5 andares, uns pegados aos outros, sem jardim ou
qualquer recuo, diretamente na rua, estão bem conservados e dão à cidade um
certo ar nostálgico e romântico, felizmente, praticamente não se vê aqueles
edifícios funcionais, tão comuns na época do comunismo.
Fomos ao
Loreto, monastério onde existe uma cópia da casa de Loreto, a do milagre, e
possui relicários, resplendores e objetos sacros de valor inestimável,
trabalhados em ouro, pérolas e pedras preciosas.
No Parque
Petrim, antigos jardins do Castelo Praga, encontramos um labirinto, um
funicular o jardim das rosas, e uma réplica da Torre Eiffel, bem bonitinha, mas
não tão alta, dizem que dela se pode ter uma linda vista de Praga, porém a
subida é feita por escada, e as pernas não resistiram, talvez da próxima vez.
O preço dos
cristais tchecos, que tem fama de um dos melhores do mundo, e das porcelanas,
também muito famosa por aqui, estão pela hora da morte, e ainda tem o trabalho
de carregar, talvez seja melhor comprar no Brasil.
Praga continua
sendo a cidade para quem ama as artes, tem teatros magníficos e apresentações
de excelente qualidade. Tudo que se possa imaginar ópera, shows, ballet,
musical, marionete, teatro negro, orquestra sinfônica, é só escolher. E ainda
tem shows de rua de cair o queixo.
Realmente, não é preciso gastar muito dinheiro para se
divertir na cidade, já que ela é um museu a céu aberto. A vista noturna então,
é tudo de bom, dá para ficar horas caminhando pelas ruas, encontrando, a cada
esquina, uma nova atração.
Porém a cidade
está muito afetada pela poluição. As estátuas de santos, que existem ao longo
de toda a Ponte Carlos IV, considerada uma das mais lindas do mundo, parecem
feitas em carvão, estão negras, quase não se distingue as fisionomias, estão
muito empoeiradas, cheias de teia de aranha e insetos, já a vimos, há cerca de
7 anos, em bem melhores condições; das pedras, material do qual ela é feita,
também perdeu seu tom bege, hoje tem um tom grafite. Em condições similares
estão a maioria dos edifícios. Uma pena!
Turista não
falta, talvez por ser uma cidade maravilhosa e ter, ainda, preços um pouco
melhores que o resto da Europa; para ir de um lado à outro da Ponte Carlos IV,
leva-se um tempão tropeçando em gente. Tirar aquelas fotos que o Cláudio tanto
adora (do ponto mais turístico do mundo, sem nenhum turista), só por milagre ou
debaixo de chuva, como fizemos.
Assistimos a
missa na Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa , onde está o Menino Jesus de Praga,
em espanhol (não há em português). A igreja é quase totalmente negra, com
lindos e enormes quadros de santos; já suas estátuas são totalmente douradas. O
Menino Jesus de Praga fica na lateral direita, em uma caixa de vidro, somente
seu altar e o principal da igreja são em mármore, num tom marrom, ele está
entre lindas estátuas douradas de São José e Nossa Senhora, que parecem que O
estão apresentando, usava uma roupinha azul turquesa. Na verdade ele tem uma
coleção de roupinhas, existe até um museu, onde elas estão expostas, que troca
de acordo com a ocasião. Depois da missa fomos à sacristia, onde o padre benzeu
umas lembrancinhas. Em um dos altares laterais existem uma Nossa Senhora
Aparecida, desde 17/09/1997, uma das poucas imagens que não é dourada.
A comida por
aqui é, em geral à base de porco, muito parecida com a da Alemanha, tem uns
bolinhos cozidos (dumplings), feitos de batata ou pão, que são servidos
acompanhando quase tudo. Come-se muito um doce que parece uma grande hóstia e
tem sabores variados, tem meio um gosto de nada, quase como uma hóstia mesmo,
mas não é ruim. Também adoram sorvete.
Por
recomendação de nosso guia de viagem e de várias pessoas, fomos visitar a
cidade de Kutná Hora, pertinho de Praga. Encontramos, em uma capela, dentro do
cemitério, uma das coisas mais estranhas que já vimos ... bem, mas finalmente,
depois de mais de dez dias nublados e chuvosos, temos alguns dias de sol, então
teremos que sair para aproveitar, contaremos depois.
Beijos,
Sayo e Claudio
Cesky Krumlov,
22 de julho de 2008.
Kutná Hora,
assim como Praga, foi declarada patrimônio da humanidade, é uma cidade
medieval, que conserva, em excelente estado, muitas igrejas, fontes e casas
feitas em pedra.
Merece destaque
a Igreja de Santa Bárbara, que, além de maravilhosa por fora, com seus arcos e
inúmeras pequenas torres pontiagudas, possui belos vitrais, que são, na
verdade, vidros pintados, que retratam vidas de santos e flores com perfeição,
colorido e transparência assombrosos, permitindo que a luz entre abundantemente
na igreja.
A cidade foi palco de muitas guerras e da
peste. Um certo padre, há centenas de anos (não lembramos bem a data nem o
nome), foi a Jerusalém, a serviço do bispo, e trouxe um pouco de terra, que
jogou no cemitério; considerando o local terra santa, inúmeras pessoas da região,
e de outro países, passaram a pedir para serem enterradas no local. Resumo da
história: a cidade tinha osso para dar e vender. Então, um outro padre resolveu
fazer a decoração da capela do cemitério quase toda somente com ossos humanos.
Em 1870, foi feita a atual decoração, com ossos de 40.000 pessoas. A igreja
possui pirâmides, candelabros, cruz, brasão, ornamentos, lustres, tudo feito de
ossos humanos, tem crânio e fêmur para todo lado.
Como na Europa
em geral, as casas tchecas têm paredes muito largas, cerca de 30 cm,
acreditamos que por causa do frio, a janela fica rente à parede externa, então,
nesse batente, eles também costumam colocar vasos de flores, enfeites de
porcelana ou cristal, cortininhas de renda, que podem ser vistos da rua,
através do vidro, o que dá um ar muito doce às casas.
As pessoas
parecem ser mais reservadas que nos outros países, menos alegres, talvez seja o
frio. Em pelo menos uma praça das cidades, há uma bela coluna com estátuas de santos, o que
demonstra que são bastante religiosos; também existem vários alto-falantes
espalhados pelos postes, que são utilizados para dar informações relevantes à
população, como data de vacinação, enchentes, congestionamentos etc. Ainda não
tivemos o prazer de vê-los funcionando.
O tempo anda
péssimo, cremos que mais frio que o inverno do Brasil, em média 16º, mas já
tivemos até 11º e nunca mais que 21º. Normalmente está nublado e chuvoso, poucos
foram os dias de sol e, ainda assim, frios. Dizem que é estranho, que o verão
costuma ser mais quente, espero que sim, afinal, carA amigA, o que irei fazer
com toda a coleção de verão, que comprei na São Paulo Fashion Week,
especialmente para esta viagem; tenho me virado, bravamente, com as duas únicas
calças que trouxe, e uma leg (que também está na moda aqui), porém não sei até
quando. Observe bem que viajar não é tão fácil quanto parece (ah, ah, ah)!
Saindo de
Praga fomos para Ceské Budejovice, a cidade é o centro administrativo, cultural
e comercial da Bohemia do Sul. É muito agradável, mas o mais importante é que é
o lar da cerveja Budweiser. Não é preciso dizer que fizemos? O mesmo que na
cervejaria Pilsner Urquell, provamos todas as cervejas.
Ceský Krulov é
uma cidade do sul da Bohemia, fica em um vale do rio Moldava, que contorna seu
centro histórico, formando um bonito meandro, é quase uma ilha no meio do rio.
O encanto da cidade está no seu conjunto arquitetônico bem preservado, ela
conserva seu aspecto antigo, causando a impressão de se estar em alguma remota
época da história. Depois de Praga, é o destino turístico mais procurado da
República Tcheca. Dizem que é a cidade mais bonita do país, porém o nosso
coração ainda é de Karlovy Vary.
Na região há
muita atividade esportiva ligada ao rio; como pesca, canoagem, remo. O pessoal
está curtindo o verão e não se intimida com o frio, férias são férias.
Nossa pensão
fica em uma grande casa cor-de-rosa, com jardim e horta. A proprietária, Jane,
vive no térreo, é muito amigável e seu inglês é bastante compatível com o meu,
portanto temos nos entendido bem. Ela tem duas filhinhas muito loirinhas e
envergonhadas, mas, entre elas, muito risonhas e falantes. Nosso quarto é muito
confortável e amplo; tem paredes brancas e teto amarelo, muitas janelas, sua
decoração é feita com galhos e flores secas, além de vasos com flores naturais.
Declarada patrimônio da humanidade pela
Unesco, tem um lindo castelo, que se encontra ricamente mobiliado, que tornou
nossa visita, feita em um tour guiado em tcheco, bem interessante. Como
entendemos tudo? É muito fácil ... mas já é super tarde, amanhã viajaremos
cedo, contamos na próxima.
Beijos,
Sayo e Claudio
Olomouc, 26 de
julho de 2008.
Caro Amigo,
Em parte dos
castelos e lugares históricos de maior relevância, aqui na República Tcheca, as
visitas são guiadas em tcheco ou em inglês, para facilitar a vida dos outros
milhares de turistas, que não dominam suficientemente nenhuma das duas, eles têm
textos explicativos em diversos idiomas. Assim, seguimos o tour em Tcheco,
lendo as explicações em espanhol, raramente há em português, foi muito fácil.
Estamos
fazendo um roteiro, pelo sul do país, visitando pequenas cidades, que têm
monumentos declarados patrimônio da humanidade pela Unesco. As estradas são
pequenas, de mão dupla, com pouquíssimo movimento, há poucas rodovias maiores
no país. Algumas vezes rodamos em meio a matas fechadas, com altos pinheiros;
outras entre plantações e campos, com
cerejeiras e macieiras silvestres bem à margem da estrada, estão
carregadas, porém verdes. Que pena! Poderíamos ganhar um lanchinho grátis.
As casas
costumam ser bem ajardinadas e possuir várias árvores frutíferas, uma delas
sempre é uma macieira. Ainda não provamos uma torta de maçã, deve ser uma
delícia, providenciaremos hoje mesmo.
O porco continua sendo a base da alimentação,
o Cláudio está se esbaldando no joelho. Haja torre para subir! Gostam também de
sonho (igual ao nosso) e de um cilindro
fino de massa, passado na canela e no açúcar, não tem gosto acentuado,
mas é uma delícia para acompanhar um chá.
Eles adoram
cães, andam com eles por todo o lado, em maioria são iguais aos que temos no
Brasil, com aqueles nomes de raça complicados, que não sabemos escrever, porém
são micros, parecem uns filhotinhos, são uma gracinha, da vontade de levar uns
três ou quatro, pare serem mascotes dos gatos. O Francisco ia adorar passar o dia correndo
atrás de um deles!
Notamos uma
mudança na arquitetura do centro das cidades, os edifícios passaram a ter, em
média, três andares e já não têm aquele formato meramente retangular. Em sua
parte superior, eles agora apresentam formas variadas, acabando em formas
triangulares, ovaladas, curvas etc. Continuam com arabescos, flores e anjos, porém
agora de forma mais sóbria. No andar térreo, têm arcos e formam passarelas
interligando os edifícios, onde funcionam estabelecimentos comerciais (devem
ser os precursores dos calçadões), assim é possível fazer compras facilmente,
mesmo durante neve ou chuva,
Os centros de
informações turísticas são bem práticos, normalmente ficam no prédio da
prefeitura, que fica na praça principal da cidade, têm internet gratuita e
banheiro, as meninas atendem bem e desdobram-se para ajudar.
Na cidade de
Trebon, destaca-se seu palácio renascentista e sua praça muito movimentada com
uma linda coluna da Virgem Maria. Jindrichuv Hradec também tem um palácio e uma
linda igreja dedicada à Assunção da Virgem Maria.
Telc apesar de
pequena, tem uma grande praça, com muitos edifícios coloridos, coluna e fonte,
vários lagos, a poucos passos da praça. Seu centro histórico está inscrito na
lista de patrimônio cultural da humanidade da Unesco. A Torre do Espírito Santo tem 49 metros, é
lógico subimos para conferir o visual; o que me valeu um premio, pela queima de
calorias, uma sobremesa deliciosa no jantar: dois crepes recheados de sorvete,
cobertos com chantily e calda de chocolate e polvilhados com um açúcar bem
fininho, dá água na boca só de lembrar. Estou procurando outras torres!
Em Trebic, a Unesco declarou patrimônio da
humanidade o antigo Bairro Judeu, apertado entre o rio e elevações da cidade,
que encontrou soluções arquitetônicas brilhantes para o aproveitamento do pouco
espaço que tinham.
Olomouc é a 5º
cidade do país e possui inúmeras universidades, então, como estamos nas férias,
está bem sossegada. O Unesco declarou patrimônio da humanidade a sua coluna
barroca da Santíssima Trindade, construída em 1734 com 35 metros e lindas
estatuas que reluzem como ouro.
Possui o
complexo arquitetônico melhor preservado da Moravia e, para conhecê-lo,
resolvemos seguir um roteiro de 3 horas, à pé, sugerido pelo Centro de
Informações Turísticas.
Passamos em
magníficas igrejas góticas e barrocas, que possuíam maravilhosos órgão, murais
e estátuas; observamos as fachadas de vários edifícios históricos e fontes;
fizemos umas comprinhas; admiramos o complexo relógio astronômico do edifício
da Prefeitura, sentados em um banco da Praça Horní, ao lado da Coluna da
Santíssima Trindade, ouvindo um conjunto tocar (conserto na praça principal da
cidade, à tarde, é muito comum aqui); subimos em algumas torres para ver sinos
e a cidade; tomamos um café com um crepe (ouro premio pela subida nas torres),
não estava tão gostoso como o anterior, pois só tinha a massa, purê de maças,
canela e açúcar, um pouco light para meu gosto, faltou o chantily, mas também
não estava ruim. Levamos mais de 6 horas para cumprir o percurso, afinal
estamos em férias, não queremos nos estressar (ah, ah, ah).
Mas agora
chegou um dos momentos mais difíceis da viagem e queremos pedir sua valiosa
opinião , caro amigo, já que vem nos acompanhando desde o princípio... mas a caminhada deu uma fome danada, ainda
temos que tomar banho antes de sair novamente, perguntamos depois.
Beijos,
Sayo e Claudio
Brno, 28 de
julho de 2008.
Caro Amigo,
Depois de um
longo e tenebroso inverno, o verão chegou numa manhã de sábado, um dos melhores
dias da semana, pois é dia da animada feira, como já lhe contamos em outra
viagem.
Fomos á Igreja
da Anunciação de Nossa Senhora, local de peregrinação, nos arredores de Olomouc,
como Aparecida do Norte para nós. Dizem que é uma das mais lindas igrejas da
República Tcheca, o que é uma grande verdade. Ela tem trabalhos em estuque que
são um primor, muito mármore, painéis, vitrais e imagens de santos brancas.
Assistimos à missa. O órgão, que estava à altura da beleza da igreja e ocupava todo
o mezanino, estava sendo tocado, o que completou nossa satisfação.
Se você
estiver pensando em ir a Brno, pense duas vezes, a cidade até que não é feia,
mas lá encontramos toda a família Adams de plantão, monstros de todos os
modelos, cores e tamanhos. Quando chegamos, a feira já tinha acabado e parecia
que toda a cidade estava de péssimo humor; começou com a moça da loja de
roupas, depois foi o rapaz do balcão de informações e, finalmente, a senhora da
farmácia. Não sabemos se o mau humor era por viver na segunda maior cidade do
país, cheia de todos os problemas das grandes cidades, ou se estavam muito “p”
da vida por terem que trabalhar numa linda tarde de sábado, aturando uns
turistas bobos (nós), que não sabiam falar nada e queriam perguntar tudo. O
fato é que resolveram destilar suas iras em cima de nós.
Para salvar
nosso dia, que parecia fadado ao insucesso, encontramos uma turma em trajes
típicos, saias rodas, aventais, coletes, enfeites nos cabelos, flores,
bandeiras, instrumentos musicais, cestas e garrafões nas mãos. Pedimos para
tirar uma foto, ao que eles, delicadamente, concordaram. Quando souberam que
éramos brasileiros, contaram-nos que se tratava de uma tradição, pois um amigo
estava casando e festejariam ao final da cerimônia. Fizeram questão que
provássemos o que traziam: uma bebida forte (parecia pinga), bolo de casamento
(pequenos pães doces), vinho, pão caseiro e torresmo. Espantaram as nuvens
negras e alegraram nosso dia.
Visitando a
Catedral (já viram que não perdemos uma igreja), assistimos parte de um
casamento e nos deleitamos, não só com a beleza da igreja gótica, mas também
com o coral, que cantou até Ave Maria, e com os modelitos do pessoal.
No final da
tarde, resolvemos visitar a pequena cidade de Kromeriz e seus vários e coloridos jardins, que formam
brasões, figuras geométricas e arabescos; que, com justa razão, estão inscritos
na lista de patrimônios da humanidade da Unesco. As cidades tchecas são
floridas principalmente através de vasos e floreiras, mas seus castelos e
palácios, não possuem enormes jardins, encontra-los foi um grande prazer e tornou
essa visita tão especial.
Jantamos no
terraço de um restaurante, na praça principal da cidade; onde havia uma festa
de casamento no seu interior. Vimos sair
de lá, certa hora, um rapaz todo de branco, que imaginamos ser o noivo, não nos
demos conta de que fim levou. Mais de uma hora depois, sai, e entra em um táxi,
a noiva (com a cara do capeta) e toda uma comitiva (provavelmente mãe,
padrinho, daminhas). Minutos depois, ela retorna, com cara igual ou pior, agora
trazendo o noivo de volta (quase que pelas orelhas). O fato arrancou risadas do
restaurante todo, inclusive nossas. Sorte nossa que sábado é dia de casamento
também.
Quanto à
dúvida que não quer calar? ... Acontece que, como já deve ter observado o caro
amigo, estamos muito atrasados com o nosso cronograma e, infelizmente (ou
felizmente), não conseguiremos cumprir o roteiro que planejamos inicialmente.
Não sabemos explicar onde perdemos mais tempo que o previsto, se foi
experimentando todas as cervejas, subindo em alguma torre, tomando um sorvete,
apreciando algum ninho de andorinha, namorando algum jardim, visitando alguma
pequena cidade, que nos foi indicada pelos experientes moradores locais, ou
coisa que o valha; mas o fato é que, teremos que reduzir o roteiro inicial e
retornar o ano que vem para completá-lo. Chato, né?
Pensamos
inicialmente em indicar algum 0800, para que o caro amigo pudesse opinar sobre
o que fazer. Depois de refletir melhor e analisar que os caros amigos já são
mais de 100, decidimos que o sistema democrático não seria a melhor opção,
portanto: resolveremos nós mesmos e não adianta reclamar (ah, ah, ah).
Seguindo a
viagem, fomos cidade de Roznov, que tem de singular um museu ao ar livre, em um
enorme parque, onde está reproduzida a vida de uma vila thceca do século XVI.
Descendentes das famílias caminham pelo
parque em trajes da época e reproduzem a rotina da vida de seus antepassados,
como de fiar, cozinhar, tecer, esculpir etc. São vendidos doces, salgados,
conservas e pães feitos com as antigas receitas. As crianças divertem-se em
carrosséis e parques que eram usados por seus avós. As casas reproduzem os mais
singelos detalhes da vida cotidiana. Há armazém, igreja, coral, teatro de
marionete, dança folclórica.
Deixando a
República Tcheca, atravessamos uma região de montanhas e densos bosques. Região
de rigorosos invernos, com muita neve, e muitos chalés, arquitetura totalmente
diferente da que vimos até então.
Seguindo o
novo roteiro de viagem que traçamos, chegamos a Zilina. O caro amigo já ouviu
falar? Sabe em que país fica? Nem nós, até que viemos parar aqui, fica na...
mas está muito tarde, amanhã queremos visitar a cidade de Banská Bystrica
contamos depois.
Beijos,
Sayo e Claudio
PS – Você sabe
como são as máquinas de lavar roupa aqui? Nem nós! Hoje pusemos a roupa para
lavar na máquina de secar, com sabão e tudo. Turista apronta cada uma!
SLOVAKIA
História:
Localizada no coração da Europa, bem no centro do mais velho
continente do mundo, a República Eslovaca forma um dos mais novos estados da
Europa, mas a história de suas terras detém muitas riquezas. Um país onde
graças as suas condições favoráveis, muitas pessoas se instalaram desde os
velhos períodos históricos. Muitos achados arqueológicos da idade da pedra
documentam isto. Também a pequena estátua de mulher de ouro de Moravany, vem
datada como sendo do período de 22.800 a.C. Durante os anos de escavasses dos
grilhões de ferro e bronze, o território da Eslováquia representou o canal de
ligação entre os bárbaros, romanos e alemães. Os eslavos vieram do vale de
Kárpatos e criaram assim seu próprio estado: a Grande Moravia, ou melhor, o
Grande Império Morávio.
Bandeira:
É composta de três
listas horizontais de cores branca, azul e vermelha. Na parte lateral esquerda
da bandeira, no meio encontra-se o brasão da República Eslovaca.
É formado pela cruz dupla, representando três Santos
importantes: São Benedito, padre de vida monástica do Oriente e dos irmãos São
Cyrilo e São Método, evangelizadores bizantinos dos eslavos. A cruz é situada
sobre um arco gótico de fundo vermelho e se encontra no pico central de um
grupo de três picos azuis que representam as montanhas da Eslováquia.
Geografia:
A República Eslovaca
se encontra na Europa Central entre 16o 50´ - 22o 34´ de comprimento do Leste e
47o 44´- 49o 37´ de largura do Norte. Conforme as medições geográficas no pico
da montanha Krahule próximo da cidade histórica Kremnica na Eslováquia Central
se encontra o centro geográfico da Europa.
Área: 49.036 km ² - floresta 40,6%, pastos 16,5%, terra
agrícola 33,4%, resto 9,5%
Comprimento máximo do território: 428 km
Largura máxima do território: 195 km
Rio mais importante: Danúbio - liga o território eslovaco
com portos do Mar Preto e com o
Canal Rýn – Main – Danúbio com outros portos da Europa
ocidental.
Clima: Zona de transição entre o clima oceânico e o
continental. Inverno frio e verão quente com estações de primavera e outono bem
definidas. Temperatura média no verão é 20°C e no inverno é – 5°C. Temperatura
noturna mais baixa -15o C e mais alta diária 32o C.
Fronteiras: República Tcheca (265 km), Polônia (597.5km),
Ucrânia (98 km), Hungria (679 km), Áustria (127.2km)
População:
Número dos habitantes: 5,379.455 – 51,40% de mulheres
Composição étnica: eslovacos 85,8%, húngaros 9,7%, ciganos
1,7%, tchecos e morávios 0,8%, ucranianos, alemães, poloneses, rutênios e
outros 2,0%.
Composição de idade: 0-14 anos 25%, 15-59 anos 60,1%, acima
de 59 anos 14,9 %
Religião: Católicos romanos 68,9%, sem religião 12,95%,
protestantes de confissão luterana 6,93%, católicos ortodoxos 4,12%, e mais
judeus, calvinistas e outros
Acréscimo populacional /ano: 0,6%
Densidade média de população: 109/km2
Idade média: homens 68 anos, mulheres 77 anos
População atendida: urbanização 57%, educação 573, 328
habitantes por 1 médico
Educação: Não há analfabetismo. Níveis de educação: primeiro
grau 9%, segundo grau – 79% e universitário 12%
Zilina, 29 de
julho de 2008.
Caro Amigo,
A Eslovaquia,
onde estamos, parece ser um país mais pobre que conhecemos na Europa. Aqui, até
agora, não encontramos suntuosas obras arquitetônicas, rodovias de alta
velocidade, cidades extremamente limpas e bem conservadas, abundância de museus
com obras de artistas renomados, teatros luxuosos.
Mas
encontramos aquelas casinhas com fumaça saindo da chaminé; senhoras cuidando
das hortas e estufas de seus jardins no final da tarde; gente colhendo enormes
cogumelos silvestres; senhores voltando para casa, em trajes de pescaria; igrejas
cheias na hora do terço, 5 da tarde; deliciosos sorvetes (sempre depois de
alguma torre, lógico); meninos usando camiseta da seleção brasileira; macieiras
e cerejeiras por toda parte; muitas florestas, muitos ciclistas (apesar do
relevo bastante acidentado) e muita tranqüilidade e muitas pessoas felizes.
E, principalmente,
um povo muito hospitaleiro e gentil, sempre interessado em dar um conselho ou
um palpite e que nos olha curiosamente, e nos da um largo sorriso, ao saber que
somos brasileiros.
A região é montanhosa
e deve nevar toneladas no inverno, pois encontramos muitas pistas de esqui.
Possui várias fontes de águas termais, muitos SPAs e piscinas, cobertas e ao ar
livre, que garantem a diversão no verão.
No fundo da
Catedral de Zilina, há uma grande escadaria de mármore, que termina em um
calçadão, ladeado por jardins, e em uma fonte, que possui pedras e flores,
imitando o leito de um rio, onde as crianças se divertem, no verão, e os
adultos sentam para namorar ou tomar lanche, na hora do almoço.
Cicmany é um
pequeno vilarejo, que possui o maior número de casas preservadas, são mais de
cem, e conserva o modo de vida da época, é referência etnográfica no país. São
casas de madeira escura, com desenhos pintados em branco.
Em Rajecká
Lesná, encontramos um presépio entalhado em madeira e mecanizado, com cerca de
4 metros de extensão, que retrata a vida cotidiana, pontos turísticos do país e,
lógico, o nascimento de Jesus. Tem cachorro mordendo menino, pastor vigiando
ovelha, ferreiro colocando ferradura no cavalo, mulher tecendo, agricultores,
produtores de vinho, gente comendo, lenhadores etc.
Em Rajecké
Teplice, fica o SPA mais famoso do país, chama-se Afhrodite, é realmente muito
luxuoso, com muito mármore, vidro e espelhos. Promete fazer milagres, mas é
preciso ter muito dinheiro.
Banská
Bystrica, já mais ao centro do país, não tem tanto a cara de uma cidadezinha do
interior, é possível observar os traços de uma cidade moderna, embora ela tenha
750 anos, bem mais velha que o Brasil, e preserve muito bem sua arquitetura.
Em sua visita
à Eslováquia, não vá a Banská Stiavnica, pois, embora esteja na lista de
patrimônios da humanidade da Unesco, é muito sem graça, não vale nem a pena
comentar.
As igrejas já
não têm aqueles trabalhos em estuque e alto relevo, em compensação as paredes e
tetos são pintados, com delicados trabalhos, em tons pastéis, que lembram as
decorações que fazem nos ovos na época da páscoa, rica em detalhes, e, a
qualquer hora que se entre, sempre é possível encontrar pessoas ajoelhadas,
rezando fervorosamente.
Sabemos que a
carA amigA está ansiosa por algumas dicas de moda para o próximo verão, saiba
que por aqui estão usando leg, um pouco abaixo do joelho e com renda na barra,
sob shorts e saias muito curtos; as cores são branco, verde e amarelo; as bolsas continuam grandes
e bem coloridas; broche de flor também é uma boa pedida; as saias rodadas
continuam em alta, nos mais diversos cumprimentos; usar sapato, bolsa e outro acessório da mesma
cor está arrasando. Prepare seu figurino!
Estávamos
achando as cidades muito tranqüilas, mas agora descobrimos onde os eslovacos, e
provavelmente alguns poloneses, tchecos, alemães e húngaros, austríacos, ou
melhor, metade da Europa, estão passando as férias, todos estão ... mas a noite
já se inicia, está um calor danado, viajamos a
tarde toda, demos um duro danado para encontrar este hotel delicioso,
que mais parece um palácio, com vista para a praça central da cidade e uma
banheira deliciosa, então precisamos tomar um copinho (de meio litro) de cerveja gelada, contamos na
próxima.
Beijos,
Sayo e Claudio
Levoca, 01 de
agosto de 2008.
Caro Amigo,
Estamos no
meio do país, o que não é muito difícil, já que ele tem cerca de 400km de
comprimento e 200km de largura, nossa primeira idéia era ficar em Proprad,
porém, ao chegarmos lá, descobrimos que metade do mundo teve a mesma idéia, não
se encontrava se quer uma caminha de hotel, nem embaixo da ponte havia lugar. Era gente por todo lado, parecia nuvem de gafanhoto,
tudo por conta de alguns parques aquáticos que existem na região. Parece que
nunca viram água e sol juntos!
Fomos dar uma
espiadinha num dos tais parques. Estacionamento imenso e lotado, era necessário
tomar ônibus para sair dele; vaga para estender sua toalha na grama, só se fez
reserva há um mês; fila no escorregador para cair na piscina, entrando agora
certamente seria possível escorregar no ano que vem. Não é preciso dizer que
mudamos de cidade rapidinho e riscamos a idéia de um banho de piscina de nossa
agenda.
Levoca, na
qual encontramos aquele palácio de hotel, é uma pequena cidade, mas muito
antiga, do início dos 1200, onde os turistas de passagem param para ver, em sua
igreja, o maior altar gótico do mundo. Tem restaurantes excelentes, situados em
edifícios históricos. Fica próxima a vários pontos turísticos importantes do
país. Não tem piscinas! É, portanto, o lugar indicado para ficar e conhecer a
região, assim fizemos.
O termo altar aqui significa um enorme
oratório de madeira, com mais de 500 anos, estilo gótico, onde aparecem
representações de vidas de santos, através de estátuas entalhadas e de pinturas,
folheadas com ouro ou prata; que, na maioria das vezes, possuem portas, também
trabalhadas, que possibilitam seu fechamento, embora permaneçam abertos. Eles
são colocados tanto no altar principal da igreja, como nas laterais, onde
seriam as capelas.
Em todas as
igrejas que visitamos (olha que foram muitas), tanto na República Tcheca como
na Eslováquia, sempre encontramos imagens de Santa Terezinha e Santo Antonio,
que são igualmente queridos no Brasil. Também é comum, nos dois países, o
hábito de comer tomate, pepino e pimentão, crus, no café da manhã (aderimos!) e
de usar um edredom, dentro do que seria uma enorme fronha, em lugar do lençol
de cima da cama; no frio vai muito bem, mas no calor é um inferno (tiramos o
edredom e ficamos somente com a fronha).
Spikky Hrad
são as maiores ruínas de castelo da europa central, está na lista de
patrimônios da humanidade da Unesco. Foi
construído todo em pedra, sobre um monte rochoso, o que permite enxergar sua
silhueta no horizonte de muito longe, sem poder distinguir exatamente o que é
castelo e o que é monte, ao entardecer é lindo. Sua subida é um bom exercício e
ainda tem uma torrezinha lá dentro.
Badejov,
também na lista de patrimônios da humanidade da Unesco, possui uma grande praça
retangular, formada por casas que são exemplar único da arquitetura gótica no
país. A Igreja de Santa Egídia está ao centro dela, com seus nove altares
góticos; além do edifício da antiga prefeitura.
Kosice é uma
delícia, principalmente na hora do happy hour. O centro tem a formação de um
imenso jardim florido, que possui em seu interior a Igreja de Santa Ana, com seus
altares góticos; um grande teatro, edifício bege, muito bem conservado, lembra
a arquitetura do Teatro Municipal de São Paulo; e uma fonte, onde as águas
bailam ao som de diferentes ritmos. Tudo circundado por lojas e restaurantes,
que têm mesas nas ruas, em quiosques de madeira com enormes guarda-sóis. Muito
legal para tomar uma cervejinha, ouvindo alguma das bandas que tocam no final
da tarde.
Até agora não
encontrei o inventor da máquina fotográfica digital para matá-lo, a lente da
máquina virou o óculos do Claudio, não tira da cara para nada, tenho até medo
de perguntar quantas fotos ele já tirou. Mas encontrei aqui uma ótima idéia,
eles cobram para fotografar dentro dos pontos turístico. Então, além de pagar
pela entrada, paga-se também para fotografar. É bem verdade que a turma tira
umas fotinhos sem pagar, já que não há um controle tão rígido, mas pelos menos
inibe um pouco aquela turma do “cada movimento é um flash”.
Os guias
poliglotas da CRKTour (nós) agora terão,
merecidamente (ah, ah, ah), fama internacional e um de seus trabalhos
apresentados a turistas de vários pontos da terra. Adivinhe como?
Mas temos que
seguir viagem, pois temos um encontro marcado em frente à Catedral de
Bratislava, capital, sábado, às 5h. Temos que rodar cerca de 300km, as estradas
são de mão dupla, onde é difícil a ultrapassagem e não podemos nos atrasar.
Sabem com quem? ... É tarde, contamos
tudo na próxima.
Beijos,
Sayo e Claudio
PS – Estamos
um pouco atrasados com a correspondência porque tivemos problemas com o
computador. Não mandamos fotos em virtude de problemas técnicos, que serão
sanados para a próxima viagem.
Bratislava, 04
de agosto de 2008.
Caro Amigo,
Cruzamos o
país, de leste a oeste, por pequenas estradas e percebemos grandes mudanças. As
macieiras e cerejeiras silvestres deram lugar a plantações de milho, girassol e
uva. As densas florestas já não apareciam com tanta freqüência, assim como os
castelos.
Paramos para
dormir em uma cidade chamada Vráble, nem pense em visitá-la, é a maior perda de
tempo, não tem nem restaurante, só pare em caso de desespero.
Chegamos à Bratislava
sábado no final da manhã (outra feira perdida), demos um duro danado para
encontrar um hotel a preços módicos, estava tudo lotado. Agosto é um terror na
Europa, todo mundo tira férias, casa ou faz viagem de formatura.
Quanto ao
encontro? Você deve estar lembrado que, no ano passado, quando fomos à Croácia,
o amigo Gonzalo (argentino), que vive na Áustria, deu-nos o e-mail de sua amiga
Silvia (uruguaia), casada com Kresimir (croata), que mora Zagred. Eles foram
nossos cicerones em Zagreb, e nos deram valiosas dicas e sugestões sobre o
país; nosso primeiro encontro foi em frente à Catedral de Zagreb. Repetindo a
gentileza do ano passado, eles viriam nos encontrar em Bratislava, em frente à
Catedral, sábado, às 5h.
Chegamos 15
minutos adiantados, demos uma volta em torno da Catedral, que tem uma entrada
um pouco estranha pela lateral, eles não haviam chegado. Paramos em uma
pracinha, que fica nos fundos, para aguardar. Havia uma comemoração de
casamento, pois é comum, na Europa, fazer uma pequena festa na saída da igreja
ou do cartório. A noiva estava linda, com um vestido rosado; os homens com
raminhos de flores na lapela; muitos vestidos de renda, colares de pérolas,
chalés e estampas florais; um pequeno conjunto e bailarinos de dança
folclórica, vestindo coloridos trajes típicos; champagne e canapés; daminhas
correndo por todo lado, com seus vestidos branquinhos e buquezinhos de flores.
Aguardamos por uma hora, eles não apareceram. Por sorte era sábado, que é dia
de casamento também.
Voltamos ao
hotel. Conseguimos falar com Silvia pelo celular, estavam um pouco atrasados,
havia muito congestionamento na estrada, começo de férias na Europa. Cerca de
meia hora depois, estavam no hotel, passamos um divertido final de semana
juntos. Já temos um novo encontro para
dezembro: iremos de Belém à Manaus de barco, passando por Parintins e Santarém
(faça sua inscrição).
Além de toda
pompa e elegância das capitais européias, de estar bem limpa e conservada,
Bratislava é uma cidade alegre, muitos jovens pela rua, bares lotados à noite,
umas divertidas estátuas de bronze espalhadas pelo centro, como um soldado
saindo do esgoto, um fotógrafo procurando o melhor ângulo no canto de um
edifício, Napoleão debruçado sobre um banco.
Saindo da
Eslováquia, resolvemos dar uma passadinha em Viena, 65k de Bratislava, para
matar a saudade, sem maiores intenções que vagar pelas ruas e ver como a cidade
estava, tomar um lanche, tirar umas fotos. Foi uma ótima opção, programa para
levantar o astral de qualquer um, ela está linda, elegantézima, vibrante, tudo
muito bem cuidado. Verdade que tem um pouco de turista e de obra de restauração
sobrando, nem tudo é perfeito.
Seguindo
conselhos de Kresimir, resolvemos conhecer a Estrada Turística GroBglockner,
ainda na Áustria. Dormiríamos em Salzburgo (terra da Noviça Rebelde) e
visitaríamos o parque no dia seguinte. Porém a cidade estava entupida de
turistas e nosso hotel preferido, que fica num local sossegado e próximo ao
centro, além de ser barato, acredite se quiser, estava fechado por férias. Eles
levam termo “gozo de férias” ao pé da letra por aqui, fecham seus
estabelecimentos, colocam uma plaquinha e caem no mundo.
Um pouco
desanimados e cansados, resolvemos seguir viagem em direção à Groblockner e
dormir em alguma cidade no caminho. Da estrada vimos um grande castelo e resolvemos
parar numa tal de Werfen. Foi um verdadeiro achado.
A cidade tem
basicamente uma rua, onde é possível encontrar quase tudo que se pode querer: 5
ou 6 hotéis, mesmo número de restaurantes, correio, supermercado, banco, lojas,
farmácia, igreja (a torre ficava em frente a nossa janela e o sino toca quatro
vezes a cada hora, não dá para querer tudo), centro de informações turísticas,
internet (um computador de uso gratuito em uma
parede no meio da rua, coisa de 1º Mundo). Além de tudo, ela esbanja
charme, naquele bom estilo austríaco, grandes casarões com varandas de madeira,
janelas coloridas cheias de floreiras. A rua parece um jardim, tem gerânios nas
janelas e de tudo quanto é cor, vermelho, lilás, cor-de-rosa, laranja.
Fizemos uma
visita guiada ao Castelo Hohenwerfen, cartão postal da região, e assistimos uma
apresentação de falcões em vôo.
Fomos à maior
caverna de gelo do mundo, Eisriesenwelt. Se você não estiver em forma, não vá,
são quarenta minutos de caminhada puxada, subindo, além de 5 km de carro e
teleférico, para chegar à entrada da caverna e, então, à temperatura de 0º, uma
hora e meia de escadas, subindo e descendo, são 1.400 degraus, para conhecê-la.
Vale a pena o esforço, é algo inédito.
A Estrada Turística
de GroBglockner, que fica em um parque
nacional, foi construída em 1929, com a intenção de incentivar o turismo na
região, como uma forma prática e segura de conhecer glaciais, picos nevados,
cachoeiras, vales, vegetação e animais. É muito utilizada por motociclistas e
ciclistas. São cerca de 23 km, com toda infra-estrutura necessária para uma boa
estadia, como restaurantes, banheiros, museus, funicular, observatórios,
supermercado, exposições, vídeos e lojas. O ponto alto da visita é o complexo
Kaiser Franz Josefs Hohe, onde fica o pico GroBglockner, que tem 3.798m, local
de fácil acesso em automóvel, onde é possível caminhar sobre parte do Glacial
de Pasterze, através de túneis, até as cataratas Wasserfallwinkel.
Seguimos para
Innsbruck com um pouco de pressa, com tempo apenas para um jantar e uma noite
de sono, afinal a viagem está terminando, mas não podíamos, de modo algum,
deixar de ... mas é muito tarde, estamos quebrados, o dia foi pesado, contamos
depois.
Beijos,
Sayo e Claudio
Genebra, 09 de
agosto de 2008.
Caro Amigo,
Não podíamos,
de modo algum, deixar de ir à Innsbruck para dar um abraço em Marcela e
Gonzalo, já lhe falamos deles, e em Nayla, uma nova amiga que conhecemos em um
casamento no Brasil. O jantar estava ótimo, a cerveja deliciosa, os amigos
cheios de planos. Quanto à cidade? Para dizer a verdade, não tivemos nem tempo
de ver, mas dever estar maravilhosa como sempre.
Em direção à
Suíça, a fim de fugir de um túnel de 16 km, seguimos pela Estrada Panorâmica,
que passa por Saint Anton, uma charmosa (e cara) cidade estilo alpina, e várias
outras pequenas cidades, do mesmo estilo, além de serpentear entre rios,
montanhas, teleféricos, pistas de esqui, que, agora no verão, são utilizados
para caminhadas. Tomamos um café mirando a paisagem e seguimos.
Paramos para
dormir em Kerzers, nosso hotel não era lá aquelas coisas, mas o restaurante ao
lado foi uma grata surpresa, comida deliciosa, serviço de primeira e pessoal
simpático.
Genebra não é uma
cidade cheia de vasos nas janelas, jardins ou flores. O seu centro antigo é
composto de austeros edifícios de pedra, de cinco ou seis andares, em cores que
vão do bege ao cinza. Seu colorido está na diversidade de pessoas e línguas que
se encontra pela rua. E não são turistas (que encontramos poucos), são pessoas,
de todos os cantos do mundo, com as mais diversas roupas, que estão na cidade a
trabalho, para alguma feira ou congresso.
Em nosso
primeiro dia na cidade, caminhamos, passeamos de trenzinho, subimos em uma
torre, fizemos as últimas comprinhas, tiramos centenas de fotos (no que Cláudio
não necessitou de minha ajuda). Assistimos um lindo casamento, embora fosse
sexta-feira, na igreja ortodoxa russa (uma caixinha de música branca, com
cúpulas douradas); a noiva estava “super”, vestido de cetim, bem acinturado e
com um bordado muito discreto; um lindo e longo véu bordado, que lhe cobria o
rosto; pequeno buquê de rosas brancas e róseas; coral cantando.
Vir a Suíça e
não comer fondue é um pecado quase
mortal. Então voltamos ao mesmo restaurante em que comemos o nosso primeiro, há
dez anos, e terminamos nosso dia comendo um. O garçom português que nos atendeu
agora tem seu próprio restaurante, talvez hoje lhe façamos uma visita.
Hoje, sábado,
fomos à feira, além de todas as frutas, peixes, legumes e verduras, havia a
banca de queijos, de cogumelos, de franco assado (que é vendido inteiro ou aos
pedaços), de vinho (que tinha mesas e bancos, onde as pessoas bebiam vinho e
beliscavam frios, enquanto conversavam), de pão, a de flores era um show a
parte, em colorido e espécies, muitas nem conhecemos. Em frente há um mercado,
parecido com os mercados municipais do Brasil, mas tem tanta comida diferente,
“terrines” (parece uma galantina), patês, geléias caseiras, pães, doces, conservas,
frios, comida árabe e chinesa; além de um restaurante, onde os amigos se
encontram para um papo. Encontramos uma mesinha vazia em um dos restaurantes,
que ficam na rua da feira, sentamos, tomamos um café e ficamos curtindo o
agito.
À tarde, fizemos
mais umas comprinhas, fomos à ONU, ao Museu da Cruz Vermelha e à OIT. À noite,
voltaremos ao centro, pois haverá queima de fogos na festa da cidade, é uma espécie
de festa junina, com barracas de comida, parque de diversões e shows.
Amanhã é nosso
último dia de viagem, pretendemos passá-lo no lago, admirando a paisagem, que é
composta de picos nevados, água azulada, lidas casas, agradáveis restaurantes e
vegetação abundante. Aproveitaremos para descansar um pouco, afinal a viagem
foi longa.
Beijos,
Sayo e Cláudio
Santos, 11 de agosto de 2008.
Caro Amigo,
Mas para que
voltar a lugares que já conhecem se há tanto por conhecer? Perguntou-nos, um
amigo, pouco antes de nossa última viagem.
Ora! Para
rever os amigos! Respondemos.
E passamos a
viagem toda cismando como o ocorrido, com o que tornaria o reencontro com
amigos algo tão especial, que valesse a pena cruzar o Atlântico, alterar
roteiros, viajar quilômetros, carregar garrafinhas de guaraná.
Sim, é lógico,
também é para receber um beijo e um abraço apertado, matar a saudade, contar,
pessoalmente, as novidades. Mas nos parecia haver algo mais.
Depois, já no
final da viagem, refletindo sobre nossos encontros, nos demos conta de que
realmente há. Percebemos que através de nossos amigos conseguimos esticar um
pouco a vida; conseguimos ter vários presentes e centenas de previsões para o
futuro; conseguimos viver coisas que jamais sonharíamos; conseguimos ver a vida
como um arco íris, nas mais diversas cores; aventuramo-nos a façanhas jamais imaginadas.
Nos olhos dos
amigos, encontramos refletidas outras faces da verdade, outros caminhos a
trilhar, coisas a ponderar. Em suas palavras encontramos coragem e persistência
para vencermos muitas de nossas batalhas, e, principalmente, ponderação para
analisar se vale a pena.
Então, agora,
voltamos ao Brasil com a certeza de que a vida nos reserva coisas maravilhosas,
como crianças, viagem ao Egito e ao Xingu, recitais de piano, faculdade de
medicina, aposentadoria, pousadinha no sul da Espanha, viagem pelo Amazonas,
aventuras em moto ou bicicleta, vários idiomas, natal com neve, gatinhos, festa
de formatura, casamento e mais uma infinidade de coisas sensacionais.
E se não
conseguirmos realizar tudo sozinhos, nossos amigos, certamente, o farão por nós
e ficaremos contentes do mesmo modo.
Na mesma
viagem também tivemos o prazer de conhecer:
1 - Família
Krivancová, os solícitos e discretos proprietários da pensão A. Dália, em
Karlovy Vary, que nos servia um delicioso café da manhã junto com um ótimo
conselho de roteiro para o dia;
2 – Jitka, a
prática e descolada proprietária dos apartamentos J&B, em Praga, sempre
pronta a resolver todos os problemas de seus hóspedes;
3- Jana, a
proprietária da Pensão Maate, em Cesky Krumlov, que sempre nos atendia com
muita simplicidade e delicadeza, e suas tímidas e risonhas filhas;
4 – Regina, a
pacífica e alegre recepcionista do Hotel Gol, em Olomouc, que tem uma amiga
brasileira e nos explicava, entre sorrisos, as vantagens de viver naquela
cidade;
5- Matias, o
sonhador e simpático ciclista, que tem planos de espetaculares viagens, com sua
bicicleta, assim que conseguir um pequeno patrocínio;
6- Rosa, a
prestativa garçonete portuguesa do Restaurante Antiquaires, em Genebra, que
espera nos servir, em menos de 10 anos, outro delicioso fondue;
7 – Jack, o
divertido garçom do Restaurante Lê Creux-de-Genthod (um pedacinho do paraíso,
com mesas brancas, toalhas xadrez azul e branco, guarda-sóis listados de azul e
branco, em frente ao lago Leman, em Genebra, com vista para o nevado Pico Mont
Blanc), que nos dava um belo sorriso de aprovação, quando pedíamos mais uma
cerveja.
E,
pricipamente, tivemos o imenso prazer de reencontrar os caríssimos amigos Olga,
Paul, Natacha, Vicente, David, Pepe, Rosário, Francisco, Catherine, Roberto,
Gozalo Cruz, Silvia, Kresimir, Marcela, Gonzalo e Nayla (parece até elenco de
novela).
E muitas outras pessoas
admiráveis, que, igualmente, cruzaram o nosso caminho e contribuíram para
tornar nossas vidas ainda mais felizes.
Muito obrigado
por nos acompanhar em mais uma viagem! Até a próxima!
Beijos,
Sayo e Cláudio
PS – Quanto às
nossas metas? A cerveja da República Tcheca é realmente “super”, além de
baratézima, mas acho que bebemos demais e esquecemos de contar os copos e os
quilômetros. Iniciaremos as contagens novamente (ah, ah, ah!).
Nenhum comentário:
Postar um comentário